sexta-feira, 25 de maio de 2018

Licença de maternidade: Expetativa vs Realidade

Ia tirar quatro meses de licença de maternidade. Infelizmente não conseguia tirar mais.
Mas bom, quatro meses é muito tempo. Tudo bem que ia ter um bebé para cuidar mas cada dia tem 24 horas portanto ia ter tempo de sobra para tudo o que quisesse fazer.
Sim eu tinha noção do trabalho que um bebe dava. Mas os bebés também dormem muito. E ficam na espreguiçadeira mesmo acordados. Ou no berço. Ou apenas sossegados no nosso colo.
Gravei muitas séries e filmes porque quatro meses em casa parecia-me o ideal para me por a par das temporadas das minhas séries favoritas e para ver aqueles filmes que andava a adiar por falta de tempo.
Ah, e a casa? Por muito trabalho que um bebé dê, com o tempo que ele dorme e com um dia com 24 horas, dava mais do que tempo para ter sempre as lides domésticas em dia. E o cesto da roupa suja nunca mais ia ficar cheio ao ponto de a tampa não fechar.
Ia também por em ordem os encontros com as amigas. Com o tempo livre que ia ter sobrava mais do que tempo para um cafézinho.
Quanto ao ginásio era óbvio que ia voltar, pelo menos duas vezes por semana.
Bom, isto foi o que eu pensei, o que eu tinha organizado mentalmente para gerir aqueles quatro meses.
Na verdade o meu tempo de licença foi mais assim:
Depois de 16 horas de trabalho de parto que incluíram a noite e uma cesariana de urgência, estive 32 horas seguidas sem dormir. Começou logo bem não é? Depois .... o bebé. O meu tesourinho.
Ele dormia muito de início sim. Mas ninguém me avisou que as vezes os bebés fazem barulhinhos a dormir. Portanto ele dormia mas eu não. Quando lá conseguia adormecer, acordava com um berreiro descomunal a queixar-se da fome. 'Tadinho dele. E 'tadinha de mim.
Sempre que mamava fazia cocó. Mas um coco até às suas maminhas. Não havia fraldas ou tapa fraldas ou o que fosse que resistisse. Sempre que havia coco, havia um bebé pronto para entrar no banho e portanto um monte de roupa para lavar. Ele nasceu de inverno portanto incluía sempre umas boas camadas de roupa.
Durante a noite ele ia dormindo duas a três horas seguidas. Mas eu ficava mentalmente a pensar quantas horas iria eu conseguir dormir. E a tentar ouvir a respiração dele.
De dia nunca dormiu sonos grandes. Talvez uns quarenta minutos no máximo. Portanto eu deitava-me para tentar dormir mas quando finalmente conseguia ou estava perto, ele acordava.
Às vezes nem tentava dormir, tentava ver uma daquelas séries que tinha gravado. Durante três meses não consegui ver um episódio completo.
Acho que nestes primeiros quatro meses nunca dormi mais de quatro horas por dia, no total, incluindo dia e noite. Parecia uma morta viva. Completamente cansada, esgotada, até apática.
Este miúdo bolsava ainda que era uma coisa louca. Chegou ao ponto de certo dia usarmos panos de cozinha porque as fraldas, que eram mesmo muitas, estavam todas para lavar. Lá estava o cesto da roupa suja cheio ate ao teto.
Quanto às amigas, era uma sorte quando eu tinha força para pegar no telefone e mandar-lhes uma mensagem. O Gustavo tinha cerca de 3 meses e meio quando o deixei um pouco com a minha mãe para ir lanchar com o meu grupinho de sempre: a Joana, a Joana, o João e a namorada do João, a Joana. Nomes originais neh?? Estive lá o tempo todo a tentar manter-me calma mas só me apetecia ir a correr ver dele. E às tantas, peguei no carro do Zé e fui.
Por fim o ginásio.... sem comentários não é? Se conseguisse passar o dia sem me sentir tonta de cansaço já era um dia muito bom.
No meio de toda esta loucura tive muito ajuda da minha família. Caso contrário não sei mesmo como tinha aguentado.
Morro de inveja daquelas mães, que há, que passam estes meses na maior, entre almoços e jantares com amigos e família com o bebé atrás. Juro.

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Não percebo isso de dar muito trabalho à mamã.

2 comentários:

  1. Obrigadinha por estragar os meus sonhos para a minha licença :D

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  2. A minha foi 120 dias, 14 dias cuidados maternos e 30 dias de férias. Achei pouco tempo, licença maternidade deverias ser no mínimo 12 meses. Vamos fazer um abaixo assinado já.

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