segunda-feira, 25 de maio de 2020

Com o coração nas mãos (ou nas costas)

Tenho problemas nas costas desde os meus doze anos mais ou menos. Sempre tive uma escoliose ligeiramente acentuada que se traduziu em constantes dores nas costas. Fui fazendo exercícios próprios e fisioterapia, mas sem grandes resultados.
Durante a gravidez, as coisas pioraram bastante. Penso que seja comum a qualquer grávida que já tivesse problemas na coluna. Após a gravidez, nunca deixei de ter dores nas costas, já lá vão três anos. 
Cerca de seis meses após o parto, fui a uma consulta e fiz diversos exames que revelaram que para além da escoliose ter piorado, tinha também discos das vertebras gastos e desidratados. A opinião do médico foi para evitar esforços e fazer algumas aulas tipo pilates.
Dois anos passaram, e as dores não só não melhoraram, como pioraram e muito. Voltei ao médico, a outro médico, onde me foram receitados dois tipos de medicação e fisioterapia. Passados dois meses de o fazer, deveria voltar à consulta de modo a avaliar e de modo a serem prescritos novos exames caso necessário. O covi19 tratou de me adiar tudo.
Mesmo com a medicação e a fisioterapia não notei qualquer melhoria. Tenho consulta esta semana e admito estar um pouco ansiosa e preocupada. Tenho trinta e um anos, e dores nas costas que me acompanham todo o dia. As noites são o pior. Se nem com uma medicação própria e fisioterapia melhorou, assusta-me um pouco o futuro. Assusta-me o resultado dos exames, assusta-me a minha vida profissional que engloba fazer muito esforço físico, assusta-me o não ser uma adulta normal e saudável. Assusta-me o facto de passar a vida a tomar medicação (prescrita pelo médico) para as dores para conseguir levar uma vida dita (quase) normal.
Já alguém passou por uma situação parecida? Como resolveram, se é que resolveram?


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sexta-feira, 22 de maio de 2020

Uma manhã diferente - quinta do bonaparte

E se pudessem ir com os miúdos conhecer e tratar de animais e correr em espaços verdes amplos? 
Há duns dias vi no Facebook uma publicação de uma página que se chama Quinta do Bonaparte. Diziam que iam abrir ao público, mediante marcação e atendendo apenas uma família de cada vez.
Já conhecia o espaço de nome, pois muitos colégios da zona costumam ir lá com as suas crianças. Nunca tinha lá ido, mas pareceu-me perfeito para este desconfinamento: ar livre e sem contacto com outras pessoas, animais e muito espaço para o miúdo correr.
A quinta tem diversos animais: pónei, cavalo, galinhas, patos, perus, porquinhos da índia, coelho, porco e  peixes. Tem ainda diversas árvores de frutos e plantas. O facto de ser só uma família de cada vez faz com que exista uma maior interação quer com o tratador quer com os animais. Conseguimos esclarecer diversas dúvidas, alimentar os animais e escovar alguns animais. É ainda permitido passear de pónei, mas claro que o Gustavo teve medo.
Não existe um preço fixo, cada família vai por doação e doa aquilo que quiser ou conseguir doar. A quinta situa-se na Trafaria e as marcações são obrigatórias e feitas para o seguinte email: quintadobonaparte@gmail.com .

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terça-feira, 19 de maio de 2020

Educadoras e auxiliares de creche a utilizarem máscaras? Sim, por elas e principalmente pelas crianças.

Sou educadora de creche, e como tal estou perfeitamente consciente do que poderá significar para um bebé não reconhecer os seus cuidadores, por estarem com a cara tapada. Fui das que temeram que os pequeninos ao nosso cuidados chorassem o dia inteiro por não conseguirem fazer corresponder um rosto conhecido àquela máscara. 
Foi com uma enorme alegria que ontem contactei com diversas colegas de diversas instituições, onde educadoras e auxiliares demonstraram um enorme alívio por tudo ter corrido sobre rodas (dentro do possível, e muito melhor do que o esperado).
Muitas crianças não choraram nem de manhã a serem entregues, e esticaram os braços para a sua cuidadora reproduzindo o seu nome da forma atrapalhada e doce do costume. Uma ou outra criança chorou de manhã, claro, como já o fazia antes de tudo isto.
Hoje deparei-me nas redes sociais com um tema em debate: uma psicóloga que se assume contra a utilização de máscaras na creche. Custou-me um bocado ler aquilo que escreveu, e ainda me custou mais ver colegas educadoras de acordo com a senhora. Chocou-me , posso dizer isso, o modo como a psicóloga em questão inicia o seu texto, em maiúsculas, como gritando uma verdade absoluta: NÃO SOU A FAVOR DO USO DE MÁSCARA POR PARTE PARTE PESSOAL QUE TRABALHA EM CRECHE (…) , afirma Zulima Maciel. Continua referindo que se trata de uma opinião fundamentada com base em conhecimento científico, referindo que a mesma, é a própria fonte dessa informação científica. 
É claro que as crianças precisam de ver rostos, tal como a mesma refere, é claro que a maioria estaria mais tranquila se os adultos não utilizassem máscaras. É claro que o uso de máscara impede a criança de conseguir absorver uma data de informação, nomeadamente, reconhecer emoções. Também parece claro que a criança, ao não identificar um rosto, se possa sentir insegura. Estamos de acordo, e julgo que todas as educadoras também.
O que me parece, é que há uma coisa importantíssima a ter em conta: a SAÚDE. Continuamos no meio de uma pandemia, da qual ainda pouco se sabe.
É inadmissível, que se sugira, ainda mais publicamente, que os profissionais de educação não utilizem proteção. E digo mais. É um DIREITO que eu tenho, em me proteger a mim, às minhas colegas, e à minha família. Mas mais importante ainda, é um DEVER, proteger as crianças que estão ao meu cuidado! É com uma grande preocupação que vejo mais colegas do que desejava a apoiarem a não utilização de máscaras durante o seu dia de trabalho. E fico um pouco confusa quando também há pais, a proporem que quem cuida dos seus filhos não utilize máscaras. É que reparem, as máscaras, estão a proteger os seus filhos! 
Posto isto, algumas colegas sugeriram que em lugar da máscara recomendada pela DGS, se utilize uma máscara em plástico transparente que se encontra a ser fabricada em Leiria. Fui ver a máscara em questão e só pensei: onde raio, aquilo protege o que quer que seja?! Entendo a intenção, com uma máscara transparente as crianças iriam ver o rosto do adulto, e era ótimo que efetivamente se conseguisse fabricar uma máscara segura e aprovada pelas entidades competentes que permitissem ter o rosto à mostra.  A questão é, aquilo, nem de máscara pode ser chamado.
Mas bom , não sou entendida no assunto, por isso nada melhor do que me dirigir a quem de mais entendido pode haver. Questionei então uma médica pediatra de nome Filipa Marujo, médica interna no Hospital Dona Estefânia, à qual mostrei a máscara de plástico em questão, e se esta seria uma boa opção. A resposta foi um redondo "Não!" Questionei ainda se seria uma boa opção como viseira, a resposta foi a mesma, e cito "Isso não é máscara, nem é viseira." Consegui também chegar à fala com uma enfermeira que trabalha num centro de saúde, que preferiu anonimato, que também se mostrou chocada por haver quem recomende uma máscara que segundo a mesma, "Não oferece qualquer tipo de proteção, nem para quem usa nem para os outros".  
Para terminar, esta coisa de plástico transparente, não está de modo algum aprovada pela DGS.
Se eu gosto de utilizar máscara? Credo, nem nas compras rápidas, quanto mais um dia inteiro. Só me imagino a ter ataques de pânico. Se tenho de o fazer, para proteção dos outros, nomeadamente das crianças? Sim, tenho!
Espero sinceramente que em breve, possamos deixar de utilizar máscara, embora não acredite nisso. Até lá, pela saúde de todos, temos de seguir as orientações que nos foram dadas para o trabalho em creche, e isso engloba o uso de máscaras certificadas. 
E quanto aos traumas que a utilização de máscara pelos profissionais de educação, pode ou não causar em crianças pequenas, esses mesmos profissionais saberão gerir o dia a dia em creche da melhor forma possível para evitar, tanto quanto seja possível, que isso aconteça.

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Auxiliar de educação C.A, no primeiro dia de regresso ao trabalho, com uma máscara eficaz.

A "máscara" defendida por bastantes pessoas. É totalmente ineficaz e completamente desaconselhada para o trabalho em creche (e noutras situações também, diria eu.)



domingo, 10 de maio de 2020

O nosso isolamento - as nossas atividades da última semana

Apesar de o estado de emergência ter sido levantado, continuamos em isolamento tanto quanto possível. Sem extremos, porque a vida vai ter de continuar mesmo na presença deste vírus malvado. Vamos fazendo caminhadas num descampado aqui perto, onde o mais novo pode correr à vontade, mas a grande maioria do nosso tempo continua a ser passado em casa.
É cada vez mais difícil manter o mais novo entretido, mas deixamos aqui as atividades mais recentes que fizemos para ele se ocupar (e nalgumas, as irmãs também).

Pois é... e se vos disser que fomos todos ao spa? A fingir claro. O Gustavo foi o técnico do spa que recebeu as clientes. Pintou as unhas e fez maquilhagens em bonecas de cartão… depois optou por uma modelo real e maquilhou a irmã mais velha. Esta foi a minha atividade favorita da semana, adorei prepará-la e ver o desenrolar. 







Ainda um bocado dentro da temática da beleza e bem estar, fizemos sabonetes. Já não foi a primeira vez que o fizemos, mas é tão fácil e eles ficam ocupados tanto tempo que vale a pena. 
Vão precisar de uma "tábua" de glicerina, corante, aromatizante, moldes. Derretemos um pouco da glicerina no micro-ondas e mexemos bem. Juntámos corante e aromatizante. Colocámos nos moldes e levámos ao frio 3 horas. Feito. Também pusemos purpurinas para ficar mais giro.



Outra atividade que fizemos, prendeu-se com o trabalhar as cores e aprender o que é pertencer a um conjunto. Pegámos na nossa caixa de construções em madeira e fizemos construções dividindo os sólidos por grupos de cores diferentes. Também o fizemos juntando dum lado os quadrados e doutro lado os cilindros. 


Massa mágica. Já tinha feito algumas vezes no trabalho mas nunca me tinha lembrado de fazer em casa. Basta juntar maizena e água e misturar bem. O resultado, é uma massa que fica bem dura quando despejada na mesa, mas que se transforma em líquido sempre que lhe pegamos. Uhh lá lá, magia. Alerta, faz alguma sujeira eheh.





Esta semana estiveram aqueles dias de calorzinho bom. Numa altura normal, teríamos ido a uma esplanada comer um gelado. Assim, veio o gelado até nós. Estas formas de gelado são da Ikea. Apenas pusemos leite e umas gotas de groselha num, e chocolate em pó noutro. Minhami!



E pronto, têm aqui umas ideias para manterem a criançada entretida na semana que aí vem. Depois contem como correu, e já sabem, aceitamos ideias para a troca.

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sexta-feira, 8 de maio de 2020

E as crianças que estavam com os avós? Quem se lembra delas?

O Gustavo nunca esteve na escola. Sempre achei que tendo oportunidade, ficaria em casa até aos dois anos. Acabou por ficar até aos três por diversos motivos, um deles a questão financeira.
Acontece que o Gustavo estava em casa mas não comigo, não com os meus pais, mas com os meus avós. Tudo corria bem.
Os meus avós, têm ambos 85 anos mas estavam em perfeitas condições para tomar conta do menino. Esteve com eles desde os quatro meses, altura em que tive de ir trabalhar. Todos os dias saíam com ele ao parque ou à biblioteca e todos os dias iam comprar pão. Em casa, eram mergulhados em livros, sempre as mesmas histórias, e em imensas brincadeiras. 
Entretanto apareceu o Covi19, o Zé ficou em teletrabalho e eu fiquei em Layoff. E os meus avós, claro está, ficaram sem o amor da vida deles. Agora, as creches vão abrir, o que significa que existe uma grande probabilidade de eu ser chamada para trabalhar, e o Zé também foi chamado para trabalhar presencialmente, para acompanhar as crianças de primeiro ciclo filhas de médicos, agentes de autoridade etc.
Agora uma questão: o que faço com o Gustavo? Não posso simplesmente faltar ao trabalho, muito menos desempregar-me. O Zé também não. Os meus avós são considerados de risco, alto risco, nunca poderão ficar com o menino. Vou a correr no meio deste caos procurar uma creche numa altura em que todos querem fugir delas? Sendo que na grande maioria não estão a aceitar inscrições no final do ano letivo? Despejo o meu filho que nunca esteve numa escola nem está habituado a qualquer tipo de rotinas escolares numa ama com a cara tapada? Isto, contando mais uma vez, que arranjaria vaga.  Posto isto, o que vamos fazer? A quem vou deixar o meu filho nos dias em que o pai não poder ficar com eles? Que alternativa existe para nós e para as restantes famílias nas mesmas situações?
Vejo o tempo a passar, e eu continuo sem arranjar soluções.

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Estamos loucos, sem saber o que fazer.




sexta-feira, 1 de maio de 2020

A abertura das creches vista por uma educadora

Em primeiro, volto a referir que tenho vindo a confiar no nosso país no que respeita o combate ao Covi19.
No que diz respeito à abertura das creches propriamente dita, fico assustada e com vários receios, mas tento entender. O país não pode parar até haver vacina, e por muito que eu preferisse manter as creches fechadas e estar em casa segura com o meu filho, respeito muito as famílias que já não têm comida na mesa, e acreditem que as há.
É fácil para mim dizer que o estado de emergência devia ser prolongado ou que as escolas deviam ficar fechadas por tempo indeterminado, mas isto digo eu, sentada no meu sofá, com a minha família, com as contas pagas (com mais esforço do que é habitual) e a despensa cheia de comida. 
As pessoas têm de voltar ao ativo, as famílias precisam de retomar os seus empregos com urgência e para isso as creches têm de abrir. Num mundo ideal poderia dizer-se que sem saúde não há economia, o que é verdade, mas esse mundo ideal não existe. Sem economia também não há comida, e sem comida as pessoas também morrem. 
 Vejo a coisa como se agora, também os educadores e todos os restantes colaboradores necessários ao funcionamento de um colégio ou escola, fossem chamados a lutar, também eles uns heróis na linha da frente, que se juntam agora a tantos outros.
No entanto, aqui esta heroína tem algumas questões que me andam a moer a juízo. É que uma coisa, é pensar as soluções na teoria, outra, é conhecer bem a prática e não estar a ver bem como se vai conseguir fazer isto de forma minimamente segura. E aqui, falo para os senhores e senhoras que mandam nisto tudo.
Começo com uma dúvida relativa a uma notícia que hoje inundou as redes sociais: os profissionais dos colégios e escolas vão ser testados para o Covi19. Ok. Assim de repente há duas coisas que me não me fazem sentido. Primeiro, ok, os profissionais são testados para garantir a segurança das crianças. E quem vai garantir a segurança dos profissionais? As crianças e as suas famílias também vão ser testadas? Se não vão ser, deviam. Segundo, eu faço o teste, depois de ter estado mais dum mês em casa. Vai dar negativo provavelmente, e vou trabalhar. Depois de começar a trabalhar vou estar com muitas mais pessoas, com uma probabilidade muito maior de contrair o vírus, vou ser testada todos os dias?
Outra questão prende-se com o uso de máscaras. No meu caso específico, terei de usar máscara, penso eu. Mais uma vez, muitas dúvidas. Já foi dito por vários médicos que a máscara não me protege dos outros, mas protege os outros de mim. Então os pais vão ser obrigados a também utilizarem mascara para entregar os meninos, correto? Ah, e por falar em meninos… qual é a criança de 1 e 2 anos, que de manhã vai aceitar ficar com uma pessoa que não sabe quem é, pois tem a cara tapada?
Vamos ao distanciamento social. Crianças não o praticam. Quem disser que é possível nunca trabalhou com crianças. Então é obrigatório o distanciamento de todos, menos das crianças? 
E quando uma criança fizer febre na escola? Porque isso acontece constantemente. Vão ser testadas? Vão ficar de quarentena? E se tiver tosse persistente? 
Outra coisa que me tem feito confusão é o facto de o primeiro ciclo continuar sem aulas presenciais. Os pais que tenham uma criança em casa no primeiro ou segundo ciclo, estão em casa com essa criança. Neste caso os irmãos irão na mesma para a creche apesar de terem quem fique com eles em casa?
Vou esperar por mais novidades e esclarecimentos... mas a meu ver, há muito coisa que (talvez ainda) não foi tida em conta...

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Imagem retirada de omunicipio.com.br via google