sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Falo com ele de tudo, mesmo que não perceba nada.

Nunca fui daquelas mães que falava com a barriga de grávida, ou que punha música para o bebé ouvir. Sentia-me uma verdadeiramente idiota sempre que dizia um simples olá ao meu futuro filho.
Quando ele nasceu também não foi algo assim automático, sentia-me um pouco tonta até a cantar para ele, parecia tudo muito forçado.
Com o tempo tudo começou a fluir normalmente e ele devia ter apenas um mês quando eu já falava com ele de tudo.
Tinha noção de que possivelmente não percebia grande coisa, mas gostava de conversar com ele sobre tudo o que se ia passar nesse dia, por exemplo.
Hoje continuo a agir do mesmo modo. Há uma semana que ando a falar com o Gustavo sobre a nossa ida ao norte. Ele é um miúdo pouco dado a mudanças de rotinas e a confusões. No aniversário dos seus dois anos apesar de terem ido só pessoas próximas dele, a certa altura já pedia para ir embora. 
Para tentar que lhe faça menos confusão a nossa mini viagem (que para ele será uma grande viagem) tenho andado a explicar que vamos andar de carro durante algum tempo, e que depois vamos ver as tias e o cão. Todos os dias tenho falado com ele um bocadinho sobre isso, já por antever que de noite vai pedir para ir para a "caminha pabo casa pabo". 
Os miúdos, uns mais que outros, sentem imenso as mudanças. É fundamental que o adulto vá arranjando estratégias que ajudem a criança a lidar com essas mesmas mudanças.
Em breve vamos mudar de casa, e já espero que venha a ser um pequeno drama. Para já, desejem-me sorte para esta viagem com o melguinha.


domingo, 23 de dezembro de 2018

O Natal, que não é o mesmo.


O Natal não tem o mesmo cheiro. As mesmas cores. Nem sequer as mesmas pessoas.
O Natal muda, e tudo muda com ele.
A noite de 24 já não é passada naquela garagem transformada em grande cozinha fria e escura, mas onde todos eram felizes. Também já não cheira àqueles doces tradicionais de Natal que eu não comia porque não gosto, mas que me faziam sentir em casa.
Houve um ano em que a árvore tinha perdido algum encanto porque a minha avó já não tinha forças para a fazer igual.
O jantar também foi perdendo o sabor, à medida que a minha avó perdia a capacidade de conseguir cozinhar.
Já não dançávamos e cantávamos tanto, porque aos poucos íamos percebendo que aquele Natal, podia ser o último Natal em que íamos estar todos reunidos. E houve um ano em que foi.
No ano seguinte a minha avó já não se sentia capaz de festejar o Natal. E este ano pela primeira vez ela já não está mesmo presente.
É suposto que com o nascimento de novas crianças o Natal vá ganhar mais cor e alegria, mas a verdade é que enquanto uns nascem, outros se vão. É a lei da vida, mas ninguém disse que era fácil.
Este Natal pela primeira vez há uma nova criança que já percebe um pouco o espírito desta festividade, e que já nos vai arrancar sorrisos ao abrir as prendas. Pela primeira vez também, vai faltar uma pessoa na mesa.
Por muitas crianças que nasçam e que alegria nos tragam, não afastam as saudades dos que já não estão.
Um sincero feliz Natal para todos vocês que estão a ler este texto. Um abraço apertado para aqueles que este ano já vão sentir a falta de alguém na mesa.

Fotografia de Devup.me




quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Festas de anos: para os miúdos ou para os pais?

Festas de anos de bebés, com orçamentos de centenas de euros, decorações a rigor, insufláveis, prendas caras, bolos de vários andares, animação... e o bebé ali, desejoso de voltar para o seu lar tranquilo onde se sente seguro e feliz.
O Gustavo vai fazer dois anos. Este ano vai ser facílimo de pensar e realizar a festa, mas vou falar-vos de quando ele fez um ano.
O primeiro aniversario de um filho é um acontecimento único, certo? Nem sabia por onde começar. Tinha tantas pessoas para convidar, tantas decorações para fazer, tanta coisa em que pensar.
As pessoas não iam caber todas em minha casa, por mais voltas que tentasse dar. As decorações iam ocupar imenso tempo se eu as decidisse fazer (tempo que não tinha) ou muito dinheiro. Qual ia ser o tema? O que ia comprar de comida?
Depois, parei para pensar no Gustavo e naquilo que ele ia querer. A verdade, é que ele se estava a borrifar. Um miúdo de um ano não sabe que faz anos, nem sabe o que é suposto haver numa festa. Não percebe que a festa é dele, muito menos o motivo pelo qual lhe estão a fazer uma festa. Depois também pensei nas pessoas que queria convidar. As minhas grandes amigas, aquelas do coração, tinham mesmo de estar presentes. Mas tinham de estar presentes para quem? É que o Gustavo tinha estado com elas umas duas vezes na vida. Tinha também de convidar as primas todas, porque já é raro estarmos juntas e elas adoram o Gustavo!! E eu adoro-as a elas!! Mas o Gustavo não as adora (ainda), desculpem mas é verdade. Se tinha estado cinco vezes com elas, era muito.
Então pensei nas pessoas que faziam parte do dia a dia do Gustavo: pais, avós maternos, bisavós maternos, irmãs paternas (nem sei se este termo existe), tias e tio. São estas as pessoas que todas as semanas estão com o Gustavo. Eram estas as pessoas que ele ia querer com ele. Lá consegui pelo meio incluir mais uma ou outra pessoa especiais para mim ou para o Zé, mas muito poucas mesmo.
Este ano a saga repete-se, com a agravante que este ano o Gustavo está menos disposto a interagir com pessoas que não conhece bem. Ainda não pensei bem sobre a festa, mas certamente será pensada para ele, mais uma vez, e não para mim. 

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Primeiro aniversário do Gustavo



segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Coisas que os miúdos dizem - parte 3

Cá estamos nós para vos por a par das últimas gracinhas dos filhos dos outros. (Quem sabe dos seus mesmo)

Aqui fica um resumo das duas últimas semanas.
Beijinhos, Catarina e Zé.

- Ontem fui ver o pai Natal e a mãe Natala. (Faz sentido realmente, o miúdo sabe)

- A minha mãe foi a uma loja, tirou as maminhas, pôs lá na loja a secar e depois foi buscá-las!
- Como assim tirou as maminhas? Tirou um biquíni? Ou sutian?
- Não, as maminhas. Pegou assim nelas e pôs assim na loja para secar. (Isto vai mesmo ter de ser esclarecida com a senhora)

-Mas olha Catarina, tu estás sempre aqui connosco na escola. Não trabalhas? (A minha favorita de sempre)

- Uau João!! Este trabalho está espetacular, parabéns!
- Obrigado mas foi a minha mãe que o fez! (Podia ser o mesmo menino do post do tpc, mas é outro)

Ao fazer um trabalho de expressão plástica, a Sara e o Ricardo recortam a fotografia de uma mulher assim mais para o descascado, digamos, com um vestido com vários rasgões (não em sitio menos proprios)
- Oh Ricardo eu não percebo esta roupa. Tem quase tudo à mostra!-
- Coitadinha, pode constipar-se!   (A zelar pelo bem estar da senhora)

- Gostava de construir um tilipotio para ver estrelas!-
- Um que?
- Tapistopio.
- Repete, não percebi!                                           
- Ai, tedoscopito!
(Eu tinha percebido, mas como não pedir para repetir?)

- Despacha-te a comer! Assim vai ganhar a Joana.
- Boa Joana fico feliz por ti.  (Diz ela, ignorando o adulto que tinha falado e olhando para a amiguinha. Isso.)

- Quando o coração parar, olha estamos morridos. (Infelizmente é isso)


- Já pediste a prenda ao pai Natal? 
- Professor com essa idade e ainda acreditas no pai Natal?? (Não, só no coelho da Páscoa mesmo)




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Imagem retirada de http://www.oqueeoquee.com/piadas/

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Corpo pós parto. Não, não depende (só) de vocês mesmas.

Já imagino fundamentalistas dum estilo de vida saudável, assente em alface e quinoa, a chamarem-me nomes.
Também imagino os aficionados do ginásio a pensarem que escrevo uma enorme barbaridade. 
Sim, também vos imagino a espumar da boca.
Recentemente uma figura pública foi mãe e colocou fotografias nas suas redes sociais dois dias após o parto. Choveram comentários graças ao tamanho da sua barriga e sobre como estava em excelente forma após o parto (não é sobre a Carolina, mas podia ser). Enquanto uns a acusavam de ser uma egoísta que tinha passado fome durante a gravidez em prol dum corpo de sonho, outros acusavam-na de ter treinado tanto que poderia ter feito mal ao bebé. Enquanto uns a acusavam de ser uma péssima mãe por postar uma foto em roupa interior sensualíssima logo após o parto, outros acusavam-na de manipular as imagens.
Vamos lá a ver uma coisa.... Dois dias após o parto, eu tinha menos barriga que a senhorita em questão (não estava nada sensual com cabelo por lavar e bolsado de bebé em cima). Duas semanas após o parto e tinha menos peso do que quando engravidei. Dei por mim a tomar absorvit para tentar ter mais fome e ingerir mais calorias. 
Não fiz um único dia de ginásio durante a gravidez nem durante os seis meses que se seguiram ao parto. Não tive nenhum cuidado com a alimentação quer na gravidez quer no pós parto. Não usei cinta quer na gravidez, quer no pós parto. Tive o bebé por cesariana, facto que dizem atrasar bastante o regresso à forma.
Neste momento muitas de vocês estão a ponderar odiar-me para todo o sempre, mas há um motivo para vos dizer tudo isto: não depende só de vocês. 
Vejo constantemente mulheres a irem completamente abaixo cada vez que se olham ao espelho após o parto. Mulheres que não voltam a gostar do seu corpo (eu própria não gosto, apesar de me dizerem que estou igual). Vejo mulheres a fazer todo o tipo de dietas loucas e a darem o que podem e não podem no ginásio. Gastam o ordenado na cinta mais cara que encontram na loja. Depois disso, olham para o espelho e odeiam-se por não verem diferenças. 
Eu não quero com isto dizer que devem comer lasanhas e pizas pré congeladas todos os dias e rezarem por um milagre (não devem mesmo, quanto mais não seja pela vossa saúde). Ou que devem ficar sentadas no sofá durante os meses de licença. O que eu quero dizer é que existe uma coisa muito lixada que não está ao vosso alcance: a genética.
Vão sempre existir mulheres que recuperam bem do parto sem fazerem nada para que isso aconteça. Outras que dão tudo para voltar à sua forma e conseguem faze-lo. Outras, que nunca mais voltam a ter o corpo que tinham. 
Façam o que vos apetecer, o que vos fizer sentir bem. Mas lembrem-se sempre, não depende só de vocês (mas podem dar uma valente ajuda).


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9 meses de Guga


Três semanas pós Guga.

                                 






sábado, 3 de novembro de 2018

O que quero deste blogue (que continue igual)

Em forma de agradecimento às mais de seis mil pessoas que estão por aí:

A Maria tem um namorado que tem filhos e escreveu-me a desabafar. Não a consegui ajudar muito e dar conselhos porque cada caso é um caso, mas consegui "ouvi-la" e partilhar alguns receios que também foram meus no início da minha relação com o Zé.
A Joana tem uma filha cuja adaptação à nova escolinha e à nova educadora está a ser difícil. Queria saber uma segunda opinião do que poderia fazer para minimizar isso. 
A Rosa viu o meu post sobre as nossas máscaras do ano passado no dia das bruxas, e enviou-me fotografias para eu ver as máscaras dos filhos dela. Estavam amorosos por sinal.
A Irina mandou mensagem só para dizer que gosta de ler o que por aqui se vai passando.
A Sofia está grávida e os filhos vão ter de partilhar o quarto. Escreveu a contar-me que se sentia um pouco triste e envergonhada por isso, mas que ao ler o meu texto sobre os três partilharem um quarto se tinha sentido compreendida.
Fora todas estas mulheres que se dão a conhecer, há aquelas que não se pronunciam mas que estão desse lado, a seguir religiosamente cada post nosso.
Há uns tempos surgiu a hipótese de eu ganhar algum dinheiro com o blogue, mas para isso tinha de fazer publicidade a uma marca constantemente, várias vezes por semana. Estar a bombardear quem nos segue com publicidade constante não é um lema por aqui. Ficámos sem o dinheiro portanto. Não é que tenha algo contra quem faz dinheiro com blogues, para mim é que não faz sentido que seja deste modo. Preferia ganhar dez euros e manter-me fiel a mim mesma, do que ganhar cem e transformar isto num catálogo de moda.
Há pouco tempo deixei de seguir dois blogues super conhecidos de maternidade. Os textos que antes falavam de acontecimentos familiares começaram a falar dos vestidos, sapatos e cremes que utilizam nas crianças. Sempre. Em cada texto há pelo menos uma publicidade. Os textos que me faziam sentir próxima de quem os escreve tornaram-se num nada. Um texto que deveria ser sobre um momento lindo entre um casal, incluiu cerca de dez patrocínios. Sabem quando estão a ver uma novela e surge aquela publicidade super forçada a um produto para o cabelo? É quase isso. Aquilo que eram uns blogues com conteúdos interessantes, tornaram-se (para mim) num intervalo de um daqueles filmes de domingo, onde passam trinta minutos de anúncios.
Não me incomoda que a autora do blogue X uma vez por mês lá promova um produto ou outro. Até me pode dar a um conhecer um produto interessante. Ou que os autores do blogue Y façam uma publicidade de vez em quando. Mas quando transformam algo que até era belo numa máquina de fazer dinheiro, é altura de eu retirar o like.
O que eu quero dizer, é que prefiro continuar a ter aí desse lado pessoas reais que nos vêem como família real (não real mesmo real do género da realeza porque somos mesmo da plebe) , do que ter desse lado clientes que me pagam a conta da luz e da água ao fim do mês. O que eu quero, é agradecer a quem está aí do outro lado. às que enviam mensagens, às que comentam, às que partilham e às que nos seguem em silêncio.
Em breve, que é como quem diz quando tiver tempo, vou fazer um post sobre um local que fomos conhecer para fazerem festas de anos para a criançada. Tal como em todos os posts do género, não ganhamos nada com isso, a não ser a oportunidade de vocês se divertirem como nós nos divertimos. Essa continuará a ser a nossa prioridade. 

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Manos



terça-feira, 30 de outubro de 2018

O raio do macaco

Não ligo muito a aniversários, natais ou outras datas festivas. Gosto do que é espontâneo, em tudo na vida.
Gosto de ir a passar na rua e ver algo na montra que me faça pensar "Epah, a pessoa X ia adorar isto, é a cara dela". Gosto de comprar e de oferecer só porque sim.
Conheço a Matilde há quase cinco anos e não me lembro de algum dia ter pedido o que quer que seja. Nunca foi "pedinchona". Por vezes pode comentar que uma amiga tem uns ténis muito giros, ou que um brinquedo que está a passar na televisão é muito fixe, mas não é de pedir.
A rapariga andava há meses a falar de um macaco qualquer que se pendurava no dedo, que falava e dava beijinhos. A porcaria do macaco custava vinte euros. Epah, não é assim muitoooo caro, mas vinte euros dava para irmos todos jantar numa tasca qualquer. Ou para comprar uma peça de roupa para cada um (baratinha claro). Pronto para nós vinte euros por um boneco minúsculo é muito.
Fui fazer umas compras lá para casa daquelas básicas: legumes para a sopa, alguma fruta e alguns iogurtes. Ao virar uma esquina lá está ele, o raio do macaco mesmo à minha frente, o último na prateleira. Ignorei-o, ele não ia levar a melhor.
Continuei as minhas compras mas dei por mim a ir pensando na Matilde. Em cinco anos nunca houve uma queixa dela na escola. Pelo contrário, todos os professores e restantes funcionários da escola tecem constantemente elogios à miúda. No ATL fazem questão de frisar quão educada e empenhada é. Os meus amigos e familiares acham que ela é um poço de educação. A roupa dela é quase toda dada por primas e não se importa nem um pouco. Usa os ténis até estarem a romper porque sabemos que o dinheiro não dá para tudo. Não há uma vez que a mandemos em casa fazer alguma coisa e que ela refile. Orienta-se sozinha com trabalhos de casa e testes. Não temos que nos preocupar porque chega sempre a casa com boas notas. Quis ir para os escuteiros e mais uma vez são só elogios da pessoa que ela é. Eu estava grávida e ela veio dar-me a mesada dela para se fosse preciso pagar alguma coisa para o irmão que aí vinha. Porra, a miúda merece o macaco.
Voltei para trás e levei-o.
Quando cheguei a casa disse-lhe que tinha uma coisa para ela. Tirei o macaco do saco e a reação foram uns olhos muito abertos e um grande "NÃO ACREDITO!!! NÃO PODE SER!!! OBRIGADA!!!".
Valeu a pena. E valeu muito mais por ela não estar minimamente à espera. 
(Já não aguento ouvir a voz do macaco, que se chama Pedro, já agora).

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Matilde, Gustavo e Pedro.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

O peso do estarmos bem

Nos últimos dois anos tive quatro empregos. Sempre motivada pela busca de uma vida financeiramente mais estável.
Durante sete anos trabalhei no mesmo local. Recebia mal e a más horas, a recibos verdes, sem seguro de trabalho. Foi nesse local que fiz grandes amizades, amizades para a vida. Daqueles amigos com quem vamos jantar, daqueles amigos que frequentam a nossa casa, daqueles amigos com quem fazemos um filho (foi lá que conheci o Zé). Todos os dias morro de saudades daquela escola, daqueles colegas. Muitos até já foram saindo, mas mesmo assim fica algo de nós por lá. E algo de lá fica em nós.
Por gostar tanto de lá estar, fui-me acomodando, apesar das péssimas condições de trabalho. Aquele trabalho era quase estar entre amigos no café. Dei muitas gargalhadas com aquelas pessoas. Também chorei e fui muito amparada.
Entretanto engravidei, e a grande amizade que sentia por todos os colegas não me pagava as contas. Decidi procurar um novo emprego, e saí de um dia para o outro. Não tive tempo para despedidas mas na altura estava a fazer o melhor por mim.
Desde aí andei a saltitar a fazer substituições de baixas médicas. Não era algo fixo é verdade, mas o ordenado no final do mês caía na conta no dia suposto, recebia subsidio de férias e de Natal, e essas coisas todas.
De momento estou a trabalhar, depois de ter estado uns meses em casa desempregada. Ontem ligaram-me com uma proposta de trabalho. Era mais perto de casa, o ordenado era melhor, e era para ficar. Se calhar no passado, eu teria ido sem hesitar. Desta vez recusei sem hesitar.
Tem acontecido algo que não acontecia há muito tempo. Ao domingo de noite, não fico deprimida por ter de ir trabalhar. Quando estou a trabalhar, sinto-me verdadeiramente bem. Apesar de estar a trabalhar apenas há um mês e pouco, sinto que estou ali desde sempre. Fui incrivelmente bem recebida. 
Estou numa fase em que a minha estabilidade emocional tem de ser superior à financeira. Preciso de me sentir bem comigo, preciso de estar feliz no meu local de trabalho. E estou. 
Há muito tempo que eu não trabalhava num local onde sentisse que podia ser eu mesma. E com isto não quero dizer que ando por lá a contar a minha vida a toda a gente, e a beber copos com o pessoal ao final do dia. Mas posso ser como sou. Sinto-me em casa. 
Continuo a ter saudades daquela que foi a minha casa durante sete anos, mas esta nova casa conseguiu atenua-las um pouco. Ando calma, tranquila, feliz, e isso isso também contribui para que em casa com a família as coisas estejam melhor que nunca. 
Como em todos os locais lá terá as suas partes menos boas (que ainda não descobri), mas até ao momento, tem sido aquilo que eu precisava: um lugar que me faz bem. E não há nada que para mim, neste momento, valha mais. 

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sábado, 13 de outubro de 2018

As crianças com íman


Há crianças que têm um íman. Porra, se há.
Há crianças que cada esquina do móvel ou cada pedra da calçada, é alvo certo para elas.
O meu filho é um pouco assim. Ainda mal sabe  andar mas acha que sabe correr. Todo o santo dia este miúdo se espalha. Fora isso em casa as brincadeiras são todas na base do atirar para o chão, rebolar, e deixar as pernas com umas boas negras. Esta semana aprendeu a saltar do sofá para o chão. Quem diz sofá, diz muros da rua.
Mas uma coisa é ser o meu. Outra coisa é serem os dos outros. E hoje foco-me nos dos outros.
Há crianças que passam um ano letivo inteiro sem se magoarem. Há outras que é constantemente.
Lembro-me de uma colega que tinha 25 crianças na turma, e apenas uns pais eram assim mais complicados. Menos tolerantes, menos compreensivos, etc. Daqueles que refilam se tiramos a camisola de cima à criança, mas que também refilam quando não o fazemos. Com tantas crianças com pais tão espetaculares e era sempre aquela que se magoava, parecia bruxedo!
Há pouco tempo uma menina da minha sala magoou-se. Até ia a andar sossegada na fila, mas não sei como, foi parar ao chão. O menino que vinha atrás não parou a tempo e caiu por cima dela. A menina ficou com uma ferida assim para o feio, ainda por cima na boca.
Esta semana voltou a magoar-se, a mesma menina. Ia a correr sozinha, tropeçou e caiu. A ferida já não é tão grave como a anterior, desta vez não teve de ir ao hospital.
Como é possível, que com tantas crianças, sejam sempre as mesmas a irem magoadas para casa? A sério, em vinte crianças, calha sempre à mesma.
A mãe da primeira vez foi um amor, da segunda não gostou tanto da informação mas foi compreensiva. Afinal são coisas que acontecem com todos os miúdos. Ainda assim, não consigo habituar-me a ter crianças que se magoam quando estão à minha responsabilidade. Toda eu tremo quando tenho de fazer o telefonema aos pais a informar do sucedido.
Lido muito bem com as quedas do meu, agora dos outros, Deus me livre e guarde, não tenho coração que aguente.



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(Imagem retirada da plataforma google. Vix.com)

domingo, 30 de setembro de 2018

A Bi fez 14 anos

Gabriela. Gabi como gosto de a chamar. Bi como o Gustavo chama. 
Ontem a Bi fez 14 anos. Bolas, não me parece possível. Conheci-a tinha ela 9 anos e era uma autêntica bebé. Era daquelas miúdas que fazia birras de soluçar e de bater com os pés. Fazia birras por tudo e por nada.
Cresceu imenso. Eu sei que os miúdos crescem e que já passaram 5 anos desde que aturava as suas birras, mas nesta miúda a diferença é brutal.
Tinha 12 anos quando o Gustavo nasceu e foi uma ajuda preciosa. Desde cedo que preparava o biberão quando ele começava a chorar com fome, e diga-se de passagem que o fazia mais depressa e melhor do que o próprio pai. Também era comum ficar a embala-lo para eu tomar banho ou tratar de alguma coisa. O Gustavo em recém nascido acalmava-se imediatamente em dois colos: no meu e no dela.
A Bi cresceu. Já não faz birras mas atura as birras do irmão com muita paciência e serenidade.
Tornou-se uma miúda responsável, sensata e ajuizada, dentro daquilo que é possível numa adolescente com as hormonas aos saltos.
Ajuda nas lides da casa mesmo que não goste, e não refila muito. Quando percebe que eu e o pai estamos mesmo de rastos devido ao trabalho, não refila nada.
Ao escrever isto lembrei-me agora de quando estava grávida. Quando eu começava a ficar mais pálida lá vinha ela a correr com um balde para eu poder vomitar. Olhando para trás até tem piada. Durante esses 9 meses eu não fazia nada em casa. Antes de eu começar a Gabriela estava a fazê-lo. Perguntava constantemente se eu precisava de ajuda e ajudava mesmo com gosto, porque ela é assim.
Não gosta muito de estudar, tem esse pequeno contratempo. Para compensar tem inúmeras qualidades que para mim são bem mais valiosas: é extremamente divertida, tem um sentido de humor brutal. É honesta e amiga de verdade. Está sempre pronta para a festa! Sorte de quem a tem como amiga, filha, irmã, prima, sobrinha, enteada.

Parabéns Gabi.

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Dói- Dói


Hoje caíste. Não é nada de novo vindo de ti. Umas vezes cais e levantas-te apesar de ter sido uma queda feia. Noutros dias, como é o caso de hoje, precisas de miminhos apesar de não ter sido nada.
É incrível como tu precisas que te dê esses miminhos, e como eu preciso que precises disso.
- Mamã dói dói. – já consegues dizer.
- Onde? - pergunto eu.
- Aqui. – respondes tu quando não consegues dizer a palavra.
Dizes sempre “aqui”, menos quando te magoas na cabeça ou pé. Nesse caso dizes sempre na perfeição o local da ferida, que na maioria das vezes não é ferida nenhuma.
Esse momento tem de ser comigo. Só eu tenho o poder de te curar com um beijinho mágico.
Confesso que quase gosto quando fazes um doí doí. Tens o ar mais fofo e mariquinhas do mundo quando vens pedir para dar um beijinho.  Não me consigo lembrar da primeira vez que o fizeste. Ainda ontem não conseguias falar e hoje dizes tudo e mais alguma coisa. Muitas palavras de forma pouco percetível, mas outras muito bem explicadas.
Espero que me procures para curar as tuas feridas durante muito tempo. 

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Dói-dói

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Educadora e dieta: não funciona

Desta vez é que era.
Mudei de emprego, portanto mudei de local de trabalho, grupo de crianças, colegas... Ainda por cima comecei no primeiro dia de setembro.
Estava tudo alinhado, e bem alinhado, para depois das férias me dedicar a sério a uma dieta. Não que esteja uma orca ou um peixe balão, mas os trinta já pesam neste corpinho.
Estava tudo a funcionar muito bem, até que....
O Luís fez anos. A mãe levou um bolo fantástico, juntamente com sumos. Ficava mal que eu, educadora nova do filho, recusasse uma fatia de bolo.
Foi só um percalço, certo? Errado!!!
Era a vez da Laura. Toda feliz com os três aninhos que fazia. O bolo fresquíssimo escorria chocolate. A mãe muito querida dirigiu-se a mim com uma grande fatia. Sorri e aceitei.
O Cristiano também fez anos. A mãe fez um bolo caseiro e sem cremes, mas com muito açúcar e farinha obviamente. Porra, lá foi mais uma fatia.
Hoje ninguém fez anos, mas amanhã é a Carina a aniversariante. E para a semana são mais dois. 
Não me julguem. Imaginem que eu era educadora do vosso filho. Eu sei que ficavam ofendidas se não comesse o bolo que vocês com tanto amor e carinho me davam a provar (e aprovar, certamente).
Como se dentro da sala já não fosse difícil que chegue, as colegas ainda levam as sobras dos bolos dos aniversários das suas salas para a nossa salinha de estar. Também fica mal ser a única ali sem comer uma fatia.
Era mais fácil se eu não tivesse um distúrbio qualquer que me faz salivar de cada vez que penso num doce. Ou se não fosse uma gulosa incurável.
Assim, até decidir mudar de profissão, não há grande coisa que consiga fazer por mim. No que diz respeito a fechar a boca, força de vontade não é de todo um dos meus pontos fortes. (Aceito sugestões de motivação).

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Sou qualquer coisa assim parecida a comer bolos. Sem ser fofa. fotografia de:
Ensaio Fotográfico Smash The Cake com Bolo, Fotos Impressas e mais em até 3h na Share Moments, retirada da plataforma google.

sábado, 15 de setembro de 2018

Tipos de pais (nas reuniões)

Início de ano letivo traz consigo reuniões de pais. Pessoalmente enquanto educadora não gosto muito dessa parte. A minha está para breve e já começo a pensar nos tipos de pais que se costumam destacar:

Os "Legalize".  Para eles está tudo bem. Não fazem perguntas e quando se pronunciam é para acenar com a cabeça e mostrar que estão seriamente na boa. Óbvio, claro e sem problema, são as expressões que mais utilizam.

Os "Hermione". Ao estilo da saga Harry Potter estes são como a famosa Hermione. Passam a reunião de braço no ar. Têm sempre algo a dizer ou a perguntar e ficam impacientes se não lhes é passada a palavra de imediato. 

Os "Doutores". Podem não ter estudado educação mas sabem mais que a educadora. Questionam tudo o que a educadora diz e dão conselhos de como esta deve proceder. Fazem uma vistoria à sala olhando atentamente para cada pormenor. Pedem algumas explicações mas não ficam satisfeitos com as respostas. Dão uma nova opinião de como a educadora devia fazer.

Os "A idade dos porquê". Sabem aquela fase das crianças em que fazem imensas perguntas por dia sobre tudo e mais alguma coisa? Estes pais nunca dizem uma frase que não termine com um ponto de interrogação.

Os "Tranquilos". São um pouco ao género dos "Legalize" mas falam mais. Também gostam de participar fazendo perguntas e dando opiniões mas sempre na base de um grande sorriso e compreensão. Confiam a cem por cento na equipa mesmo que tenham acabado de a conhecer. 

Os "Invisíveis". Entram mudos e saem calados. 

Os "Insatisfeitos". Para eles nada está bem. Dizem mal de tudo e nada os deixa felizes. Ao longo do ano, se a educadora cometer um erro são os primeiros a julgar, e quando a educadora fizer algo bem feito será apenas a sua obrigação.

Os "Escaldados". Normalmente são pais com uma má experiência no passado, que tiveram algum desacato com a antiga escola ou antiga educadora. Estão de pé atrás e muito atentos a cada palavra ou ação da educadora, e fazem questão que ela saiba disso.

Sem medos, digam-me a que categoria pertencem. Eu acho que estou entre os tranquilos e os invisíveis. Defeito de profissão talvez. Já o Zé deve estar nos Legalize.
Dos pais que tenho este ano, acho que a maioria está entre os Legalize, os Tranquilos, os Invisíveis e os Escaldados. De um modo geral tenho tido sorte com os pais que vou apanhando.... mas já apanhei um ou outro que valeram por todos os maus pais possíveis, ups.


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Um dos meus primeiros grupos. 





quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Depressão pós parto

Já muitas vezes na vida me senti deprimida. Ou pelo menos era o que eu achava. Pelos vistos estava apenas um pouco triste ou perdida.
Soube o que era uma depressão quando o Gustavo nasceu. Não faz sentido que tenha sido no momento mais feliz da minha vida (ou supostamente o mais feliz), mas foi.
Eu não consigo realmente por em palavras aquilo que eu sentia porque eu não tenho a certeza daquilo que sentia. Era um turbilhão de sentimentos envoltos num lugar escuro. Era um um poço fundo e escuro cheio de nada.
Muitas mães se sentem cansadas, no limite, exaustas. Isso é normal. A depressão pós parto vai muito além disso. Vai ao ponto de se pensar "Estou nesta vida para quê?".
Penso que aquilo que mais sentia era uma tristeza profunda, seguida de culpa. A culpa trazia ainda mais tristeza que por sua vez trazia mais culpa. Não se tratava de estar cansada, em baixo ou tristinha. Estava incrivelmente deprimida. Lamento mesmo não conseguir passar para palavras aquilo que me ia na alma e nos pensamentos.
Desde que o Gustavo nasceu que passava os dias a chorar. Todos os dias e constantemente. O Zé perguntava-me porque chorava e eu respondia apenas um "não sei". Eu realmente não sabia. Chorava ao ponto de me engasgar mas não sabia porquê.
Não conseguia comer. Quando se aproximava a hora de começar começava a sentir-me com vontade de vomitar. Sabia que tinha de comer mas não conseguia. Tinham passado duas semanas desde o parto e eu estava mais magra do que quando engravidei. Estava com o peso que sempre quis ter, mas pelos piores motivos.
Não queria sair de casa, não queria ver pessoas. Passava grande parte do dia no quarto todo escuro a chorar. Pensei muitas vezes que nunca me tinha sentido tão infeliz.
Nunca pus o Gustavo de lado. Sei que isso por vezes acontece, mas comigo felizmente não. Aliás eu naquele momento só reagia por causa dele. Dava de mamar, adormecia-o, abraçava-o. Muitas das vezes fazia-o a chorar, e mais uma vez sem saber porquê. Gostava dele e tinha uma vontade enorme de o proteger de todos os males do mundo, mas acho que não o amava como hoje.
A minha mãe veio uns dias para a minha casa para dar uma ajuda com o bebé. Mesmo com ela presente eu só queria desaparecer.
Certo dia acordei já a chorar. Não conseguia parar. Chorei tanto que vomitei. A única coisa que consegui dizer foi que queria a minha mãe, que nesse dia estava em Lisboa. Veio a correr para minha casa.
Eu não estava mesmo a aguentar viver assim. Aliás eu não estava a viver. Estava a reagir.
Sabia que precisava de ajuda. Marquei consulta para uma médica especialista em depressão e ansiedade na gravidez e pós parto. Foi a melhor decisão. Comecei a tomar medicação e aos poucos tinha a minha vida de volta. Foi preciso paciência, tempo e força de vontade a juntar à medicação. Mas devagarinho lá cheguei. Passados uns dois meses no máximo tinha a minha vida de volta. Era eu outra vez. Aí sim, estava cansada, com sono, de rastos. Como qualquer mãe de um bebé com dois meses. Mas era eu. Sabia o que sentia e porque sentia. Não era uma pessoa no escuro à espera que o bebé quisesse mamar.
Não recuperei de imediato a vida que tinha antes do Gustavo. Ir para grandes almoçaradas, combinar jantar com amigos, voltar ao ginásio. Acho que demorei perto de um ano até me sentir eu, com um filho. Mas já era uma mãe igual a todas as outras, com os seus receios e medo de falhar. Já não era uma mãe com depressão. Isso cura-se. Mas é preciso pedir ajuda.
Agora olho para trás e vejo que esta depressão me impediu de gozar o meu filho a cem por cento no primeiro mês, principalmente. Fico em adoração às fotografias dele recém nascido a desejar que o tempo voltasse atrás. Mas o tempo não me dá ouvidos. Vou então aproveitando cada momento do presente.

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Como assim, tive uma depressão com este amor?

Saudades desses bracinhos fofos e ombros peludos.


sábado, 8 de setembro de 2018

Atenuar a entrada para a escola

Ano novo vida nova. Para as educadoras este lema começa em setembro e não em janeiro.
Está a começar um novo ano letivo e com ele vêm mais dúvidas e inseguranças para os pais, principalmente para aqueles cujos filhos vão para a escola pela primeira vez. Esta nova fase pode ser vivida com alguma angustia e nervosismo por pais e filhos. Normalmente noto que as mães ficam mais ansiosas que os pais.
Deixo aqui algumas dicas que podem fazer a diferença.

* Se for possível, coloque a criança num colégio onde tenha referências. Ou onde trabalhe alguém que conhece, ou onde já andou algum filho de alguém que conhece.

* Visite o novo colégio do seu filho. Observe os diferentes espaços que tem e tente perceber se são adequados às idades de cada criança. Veja o tipo de brinquedos e de materiais existentes na sala que o seu filho irá frequentar, se as cadeiras de papa têm cinto ou se existe um bacio para cada criança. No caso de ser bebé, tente perceber se existem daqueles sapatos descartáveis para entrar na sala.

* Conheça a nova educadora e a nova auxiliar do seu filho. Em todos os colégios que conheço e que considero bons, sejam privados ou ipss, a educadora faz uma reunião privada com os novos pais de forma a conversarem um pouquinho e ficarem a conhecer a criança que vão receber.

* Se o seu filho tem um boneco favorito, não hesite em levá-lo nos primeiros tempos. A criança precisa de se sentir segura e o facto de ter com ela um objeto que lhe pertence ajuda-a a sentir-se mais "em casa".

* Faça uma adaptação. Não comece logo por deixar a criança na escola de manhã à noite. Tente que vá um ou outro dia só uma horinha, depois uma manhã, e depois até depois de almoço. Se conseguir uma semana para fazer esta adaptação é o ideal.

* Converse com a criança sobre este novo acontecimento da sua vida. Conte-lhe algumas das suas melhores experiências sobre a escola. Explique que o irmão mais velho, ou primo, ou outra criança qualquer que tenha como referencia já anda na escola.

* Esteja tranquila!!!! Esta é difícil certo?? Até para mim que sou educadora. Por muito nervosa ou ansiosa que esteja não deixe isso passar para a criança. Mostre-se feliz e entusiasmada com esta nova etapa.

* Atenção às despedidas. Não fique muito tempo na sala, nem saia às escondidas. Dê um beijinho, deseje um bom dia e diga que o vai buscar mais tarde. 

* Se a criança começar a chorar (é possível) não volte para trás. Eu sei que parece impossível de fazer, mas se voltar uma vez a criança vai esperar que volte sempre e vai chorar cada vez mais. Acredite que quando se for embora a educadora (ou a auxiliar) vai dar muito colinho e passado pouco tempo já vai estar a brincar com os novos colegas.

* Combine com a educadora ou auxiliar ligar nos primeiros dias a saber como a criança ficou.

Que tenham uma excelente entrada na escola!! Depois contem-me como correu.


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A minha vida (e a deles) em fotos, está aqui .

Imagem google.

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Eu e as dele. Cenas de uma Madrasta.

Já algumas vezes recebi mensagens de senhoras que estão num relacionamento cujo companheiro tem filhos. Umas apenas têm a curiosidade de saber como gerimos as coisas no início, como foi a minha relação com elas quando tudo começou e essas coisas todas. Outras escrevem em modo de pedido de ajuda, ou porque não conseguem ter uma boa relação com as enteadas ou enteados, ou porque ainda namoram às escondidas dos filhos dos companheiros.
A verdade é que não tenho assim muito por contar que possa ajudar porque foi tudo super rápido, natural e tranquilo.
Estava com o Zé há apenas um mês quando conheci as filhas dele. Fui lá a casa e nesse mesmo dia pediram que eu ficasse para jantar. E fiquei. A partir daí comecei a ir lá com bastante regularidade. Brincava com elas aos legos, jogos de tabuleiro, conversávamos imenso. 
A Gabriela tinha 9 anos e a Matilde 6. O pai tinha 38 e eu 25. Basicamente eu era a amiga fixe do pai. Diziam que eu parecia uma adolescente. Assim que me descalçava lá vinha a Gabriela calçar os meus ténis. A Matilde era uma lapa, sempre agarrada a mim aos beijinhos e abraços desde o primeiro momento.
Passados cerca de sete meses as miúdas pediram para eu dormir lá. E dormi. Passados três meses dessa noite fomos viver juntos. Pronto foi assim. Passado menos de um ano de eu estar com o Zé fui viver com ele. Nunca contámos às miúdas que éramos namorados. Eu era a amiga do pai no início. Certo dia o Zé teve de sair e eu fiquei a tomar conta das meninas. Nesse dia a Matilde disse-me "Eu sei que tu e o pai dão beijos de língua." Por acaso nunca tínhamos dado um beijo na frente delas. Mas ficou claro que elas sabiam. 
Desde que entrei na vida delas que passei a fazer parte da mesma, por vontade delas. E minha como é óbvio. 
No início chegavam a enviar-me foto da roupa que queriam levar no dia seguinte para a escola para que eu pudesse aprovar.
Não tenho ajuda alguma que possa dar para quem tem dificuldades em lidar com enteados porque nunca passei por isso. Basicamente foi amor à primeira vista, tanto com o Zé como com as miúdas.
Penso que é fundamental o tipo de relação que o ex casal tem, e o tipo de mãe que as crianças em causa têm. Se a ex mulher do vosso companheiro é daquelas que diz aos miúdos que o pai não pode ter mais ninguém, que a namorada do pai é má etc etc, fujam disso, não vai dar.
E pronto, agora a Gabi está ali a chamar-me para ver se acho que a depilação fica bem feita..... vida de Madrasta.

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A nossa primeira noite juntas. 2014


Yap. Sou pior que elas. 2014

O dia em que as conheci. Com a Gabi. 2014

Com a Matilde. 2015


domingo, 2 de setembro de 2018

Um recadinho para os papás

O início de ano letivo aproxima-se e traz consigo novos meninos e novos papás.
Eu sei que os papás dos meninos que vão para uma nova escola ou receber uma nova educadora ficam com o coração um pouco apertado. Vou contar-vos um segredo, é mútuo.
Eu também tenho assim o coração apertado e acredito que as restantes colegas também. Imagino  como vão ser os pirralhinhos (atenção que é um termo fofo) que me vão entrar pela sala. Se me vão aceitar bem, se se vão sentir bem comigo, se se vão adaptar bem a uma nova educadora, se vou conseguir compreender cada um deles, se vou conseguir cativa-los..... 
Também penso nos pais. Se vou corresponder às suas expetativas, se vou conseguir acalmar os seus corações de pais, se vou ser bem aceite, se o meu modo de trabalho os vai deixar satisfeitos....
Portanto é mútuo. Os papás vão estar a tremer. Mas eu também. Principalmente desde que fui mãe ponho mais pressão em mim. O querer tratar cada um daqueles meninos como gostaria que o meu fosse tratado.
Portanto se são pais de um menino que vai para uma nova escola ou para uma nova sala.... confiem. Confiem na pessoa que os vai receber e que vai dar tudo de si. Confiem no seu trabalho. Confiem na escola que escolheram. Queiram ser uns pais presentes e façam parte dessa nova aventura. Não sejam só uma das partes, façam uma equipa com quem vai cuidar dos vossos. 
Nervos à parte, boas entradas para todos, sejam crianças, papás, ou parte da equipa educativa.



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Os meus últimos pirralhos que ainda me causam saudade.