terça-feira, 28 de maio de 2019

Madrasta


Um dos temas centrais deste blogue é a questão dos divórcios, das madrastas e dos enteados. No entanto não tenho escrito assim muito sobre isso. Escrevo hoje, depois de ler a coisa mais parva (para mim) que uma alminha portuguesa escreveu sobre o assunto.
Escreveu uma psicóloga, que não admitia ser chamada de madrasta (apesar de o ser). Escreveu que esse nome tem uma conotação muito negativa e que ninguém deve ser assim apelidado. Sugeriu então que as madrastas fossem chamadas de amigas ou mães. Mais informou, que não admite que os enteados a chamem por um nome que não mãe.
Eu sou madrasta. Também sou mãe. E isso é só estúpido.
Madrasta é, segundo a nossa língua, a nova companheira do pai. Dei-me ao trabalho de ir ao dicionário ver, visto que uma leitora certo dia veio teimar que eu só era madrasta se a mãe das meninas tivesse morrido. Bem pesquisei por essa definição mas não encontrei nada relacionado.
Também há quem ache chocante eu apresentar as meninas como minhas enteadas ou filhas do Zé. Da última vez que verifiquei, era isso mesmo que elas eram.
As palavras têm a importância e a conotação que as pessoas lhes dão. Culpem os filmes da Disney e as histórias tradicionais que serviram de base aos filmes, se quiserem. Sou madrasta sim. E as miúdas que me chamem sempre assim (se fizer sentido para elas). Não sou mãe delas. Sou amiga delas sim, mas o que me distingue de outras amigas que possam ter, é que sou a mulher do pai.
Acho que cada pessoa tem de saber o seu lugar, este é o meu. Sou companheira do pai delas. Vivo com elas há cinco anos. Organizo as suas coisas da escola (hoje em dia faço com que organizem sozinhas) , mando-as para o banho (em tempos já ajudei a que tomassem banho), obrigo-as a estudar, mando-as ajudarem nas tarefas domésticas, compro-lhes roupa, ouço os seus dramas, levo-as à praia, troco roupa e acessórios com a mais velha, penteio o cabelo à mais nova e ralho. Ralho bastante até.
E pronto, é isto. Sou madrasta sim. É isso aquilo que sou. E é bem porreiro ser madrasta digo já.

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A Gabi quando era mais pequena que eu

A Matilde quando usava vestidos

Meu Deus, eram tão pequeninas!

A mesma parva de sempre

Este dia tem uma história muito engraçada mas fica só para nós.




sexta-feira, 3 de maio de 2019

Cinco anos. Parabéns a nós.


Hoje é o nosso dia. Não é o dia em que nos apaixonámos. Não é o dia em que decidimos que queríamos fazer parte da vida um do outro. Não é o dia em que oficializamos a nossa relação (isso nunca aconteceu).
É o dia em que nos encontrámos na discoteca e eu acabei na casa dele. É isso assim. Sem romantismos. Sem mimimis. Sem amor.
Na segunda-feira seguinte no trabalho não sabia bem como olhar para ele. Rezava a todos os santinhos para que ninguém reparasse em nada.
Já não sei quem enviou mensagem para quem. Não me lembro quando nos encontrámos novamente. Sei que ficava com o coração aos saltos quando ele passava por mim e dizia  “Olá boa tarde”. Sei que quando o telefone tocava esperava que fosse ele.
Ao mesmo tempo pensava “Mas que raio ando eu a fazer?”. Treze anos a mais, divorciado, com duas filhas, colega de trabalho. Nice. Tudo aquilo que eu não queria.
Aquele primeiro mês foi demais. Estava com ele, dormia com ele, e no trabalho mal nos falávamos. Dava alguma pica à coisa, confesso.
Tentei fugir. As minhas amigas sabem que tentei.
Nem há um mês estávamos “juntos” quando conheci as miúdas. “Fixe, é agora que ganho coragem para me pirar disto”. Depois elas imploraram para jantar com elas e lixaram o plano todo.
Poucos meses depois vivia com ele. Tivemos (e vamos tendo) altos e baixos como em todas as relações,  julgo eu. Somos totalmente diferentes, quem nos conhece sabe-o bem.
Não sei quando começámos a pensar que se calhar até tínhamos uma relação. Nunca falámos daquilo que éramos um ao outro. Realmente se gostam de histórias de amor e famílias típicas, este é o blogue errado.
Contrariamente a más línguas que achavam que era uma crise de meia idade para ele, e uma diversão para mim, cá estamos. A crise continua e a diversão também. E estamos tão bem.  Todos. Os cinco.


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