quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Os (falsos) terríveis dois anos

O Gustavo fez dois anos há um mês. 
Li e pesquisei muito sobre essa faixa etária, também motivada por muitos títulos que ia lendo na internet: "Os terríveis dois anos", "Dois anos, a adolescência da criança", "Como lidar com os terríveis dois anos".
Sim, o Gustavo faz algumas birras. Às vezes atira-se para o chão e esperneia. Às vezes faz-nos passar vergonhas em público. Tal como uma criança com três anos. Ou quatro. Ou cinco. Aqui a Gabi ainda o fazia com nove anos. Sim é muito teimoso e quer fazer tudo, mas mesmo tudo, sozinho. Sim, lida muito mal com a frustração.
Mas sabem o que tenho vindo a descobrir que os dois anos também trazem? Palavras, abraços, expressão de emoções e sentimentos.
Desde que fez os dois anos o Gustavo nunca mais se calou. "Mamã, estás pronta?" perguntou ele hoje quando saí do banho. Pedi-lhe que me fosse buscar as toalhas e o pijama. Trouxe-me tudo direitinho e afirmou "está aqui mamã!". Não há nada de terrível nisto.
Começou também a saber explicar-se e a pedir que as suas necessidades fossem satisfeitas: "Mamã água", "Papá leite", "Mamã brinca comigo". Também não há nada de terrível nisto.
Terrível foi a fase das cólicas em que estava cinco horas seguidas por noite a chorar. Terrível foram os três primeiros meses em que se recusava a tomar banho. Terrível foi a subida do leite. Terrível foi quando começou a mostrar sinais de anorexia fisiológica e se recusava a comer absolutamente tudo. Terrível vai ser se um dia se meter em confusões com colegas na escola. Terrível vai ser se um dia começar a explorar a sua sexualidade sem se proteger. 
Há dias difíceis, claro que sim. Mas vão existir sempre. Afinal, sempre ouvi dizer: filhos criados, sarilhos dobrados.

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Os dois anos do Gustavo.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Ano novo, casa nova

Ontem comprámos uma casa. A minha primeira casa, a nossa primeira casa.
Não foi algo planeado nem pensado. Vivíamos numa casa alugada com dois quartos para cinco pessoas. Em momento algum pensámos em deixar de ser assim, porque lá nos íamos adaptando e a vida está difícil.
Muitas vezes me perguntavam se as miúdas, principalmente a mais velha, não se importavam de estar três num quarto. Se importavam, nunca o demonstraram nem nunca o disseram. Sempre as educámos para dizer a verdade sobre tudo, e para nos dizerem se algo as incomodasse. Acredito verdadeiramente que estavam bem como estavam, ainda que pudessem preferir ter um quarto só para elas.
Certo dia recebemos um telefonema, do qual eu já estava à espera. A senhoria ia por a casa à venda.
Rapidamente começaram as buscas em torno de uma nova casa para alugar. Acontece que as rendas das casas como devem ter noção .... puff. Subiram em flecha. As casas melhorzinhas que encontrámos tinham uma renda de 650 euros, chegando algumas aos 800. Quanto a vocês não sei, nós nunca conseguiríamos pagar isso. Junto a isso, havia outro problema: a qualquer altura o senhorio podia decidir vender e lá ficávamos nós, mais uma vez, sem teto.
Não foi fácil encontrar uma casa, porque os preços estão absurdos, mas lá conseguimos. Pelo meio existiram montes de dramas que vão ficar para outro post, este é só para a parte boa.
E foi assim. Não é uma casa de sonho. Nem sequer é uma casa dos nossos sonhos. Mas com os pés assentes na terra e com a noção das nossas possibilidades financeiras, foi a nossa escolha. E é a nossa casa. 
Ontem fomos os cinco ver a casa. O Gustavo que deve ser quem menos percebe o que se passa, de noite na caminha, dizia que queria ir para a casa nova.
Já os mais crescidos, estamos naquela ansiedade pré mudanças. Pois, imaginem fazer mudanças com três miúdos, um deles bebé, e comigo inválida sem poder usar o braço. Excelente neh?
Vamos dando notícias.
E vocês, continuem a acompanhar-nos aqui e aqui.

(Imagem de DomusPortugal)

domingo, 27 de janeiro de 2019

Quando uma criança de colo não pode ter colo

Está a ser o mais difícil desta operação. Aliás, a única parte difícil.
Não tenho dores, sinto-me bem e consigo dormir bem. É muito chato estar imobilizada e não conseguir fazer nada sozinha, mas lá vou gerindo (quase) tudo.
Agora vamos à parte má. Como lidar com um miúdo de dois anos que quer o colo da mãe e não o pode ter?
Está a ser mais fácil do que tinha previsto sinceramente. Acho que os miúdos conseguem mesmo ter uma capacidade de compreensão que nos pode surpreender.
Faz uma birrinha ou outra para entrar e sair do banho, porque quer que seja a mãe (que não pode) a pegar. Faz mais uma birrinha ou outra para mudar a fralda mas nada de grave. O mais complicado está a ser o ir dormir. Aí é que pede mesmo para a mãe o levar ao colinho para a cama. Como não consigo, tem adormecido comigo na cama e depois alguém que não eu, o leva para a sua cama.
Hoje fomos a uma feira perto de nós comprar fruta e legumes e a certa altura quis o seu colo preferido (é o meu sim, o pai que desculpe), mas lá se contentou com o da avó.
- Abó - disse ele - agora só colo pai e abó, mamã dói o braço não pode.
Acho que serviu de alguma coisa a "lavagem cerebral" que lhe fiz durante um mês a explicar que tinha dói-dói no braço e que ia ao médico, e que depois não podia dar colo.
Está tudo tranquilo portanto, basicamente está a custar-me mais a mim do que a ele.

Continuem a acompanhar a nossa página aqui.

Também podem seguir a minha página aqui. (entretanto estou mega indecisa se transformo o meu insta no nosso insta, podem opinar). 



(Fonte : www.istockphoto.com , by google)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Senhor presidente, também mudei de emprego e não me telefonou.

Eu também mudei de emprego senhor presidente. Aliás, no espaço de um ano tive quatro empregos.
Sabe, é que apesar de ter tirado um curso superior e um mestrado, o mercado de trabalho está bastante competitivo. Somos muitos jovens a querer emprego, mas poucos lugares para ocupar.
Também gostava de ter recebido um telefonema, nem que fosse a dizer que um dia todo o esforço vai compensar. É que na verdade, com o dinheiro que utilizei para conseguir estudar mais, já podia ter uma vida mais estável. Sabia que tenho amigas que fizeram empréstimos para conseguirem realizar um sonho? O sonho de tirarem um curso superior. E sabe que hoje em dia elas já trabalham, e que todo o dinheiro que ganham vai para pagar o empréstimo? Elas também gostariam de ouvir umas palavras suas.
Tenho um antigo aluno que tem 8 anos. Chama-se João e tem um irmão gémeo, o Pedro. Ambos os meninos têm leucemia e têm "vivido" no Ipo. Neste momento um deles está em casa enquanto o outro está à espera de um dador compatível. Eu sei que é uma pessoa muito preocupada com estas causas e que até já visitou algumas crianças nas mesmas infelizes condições. Ainda assim, a Joana, mãe dos gémeos, que está desempregada e tem uma terceira filha a estudar, também gostaria de umas palavras de conforto.
A minha prima Helena está divorciada. Tem dois filhos e um ordenado miserável. Começou a trabalhar no mesmo dia que a Cristina. 
Vou confessar, eu gosto da Cristina. Há quem a ache convencida, embirrante. Eu gosto da senhora, mesmo. Não sou de ficar a ver o seu programa, ou de seguir diariamente as suas publicações, mas às vezes  até compro a revista dela. E a entrevista dela ao alta definição? Fiquei fã, mesmo.
Eu percebo que ela é uma mulher poderosa. Quer se goste ou não. Tem muito dinheiro e certamente conhece muita gente importante. Ainda assim, naquele dia era só mais uma pessoa que estava a começar num novo emprego. Como tantas outras no nosso país. Enquanto isso, também no nosso país, estavam crianças a fazer tratamentos dolorosos nos nossos hospitais. Estavam pessoas sem abrigo ao frio (eu sei, eu sei que até os foi visitar uma noite e acho isso um gesto bastante nobre, porque não tinha de o fazer). Enquanto isso, também outros programas televisivos portugueses iam estreando. 
Eu também gosto de si senhor presidente, mesmo. Mas não achei correto, por diversos motivos, que tenha feito aquele telefonema. Ainda que estejamos num país livre e tenha direito a expressar a sua opinião, ainda que eu entenda que já conhecia a Cristina antes de ser presidente.
Quanto à Cristina, desejo-lhe tudo de bom, tal como a si, senhor presidente. E continuo a ser fã de ambos, vale o que vale.


(Fonte: sapolifestyle in google)