Lembro-me de ser pequenina e correr todos os parques e mais
alguns. Os meus pais dizem que possivelmente conhecia os parques todos do
distrito e mais alguns, e é capaz de ser verdade. Talvez por isso, e porque
detesto estar fechada em casa com o miúdo, sigo o mesmo caminho com o meu
filho.
Idas ao parque deviam ser apenas e só momentos de diversão
em família. Por vezes comigo, tonam-se em momentos de grande irritabilidade. Bater, morder, empurrar, gozar, são coisas de miúdos isso é certo. O que me irrita é apenas a postura desinteressada dos responsáveis por esses miúdos.
Eu acredito que dê menos trabalho os pais chegarem ao
parque, soltarem o filho, e ficarem descansadinhos da vida. Acontece que a
educação e os valores que devemos ensinar aos nossos filhos não têm hora
marcada.
Os miúdos são miúdos. Vão fazer coisas que os miúdos fazem, ainda que essas coisas magoem outros miúdos. O problema é que os pais são pais mas não têm
pachorra para realmente o serem.
O Gustavo faz coisas de miúdos. Põe-se a subir o escorrega
impedindo que as outras crianças desçam, tira a bola de outras crianças,
ocasionalmente empurra e é perito em tentar furar filas. E nesses momentos, eu
ou Zé intervimos. Explicamos que subir o escorrega realmente é bem mais
divertido, mas que temos de permitir que as outras crianças que estão à espera desçam. Mostramos
que ao tirar o brinquedo a outro menino, está a deixar esse menino triste, e
damos a sugestão de pedir que lhe emprestem o brinquedo ao invés de o arrancar
das mãos dos outros e fugir. Dizemos que não se empurra nem se bate nas outras
crianças, e neste ponto não há “mas” nem “meio mas”. Ensinamos como é estar
numa fila e esperar pela sua vez. Umas vezes temos sucesso, outras nem por
isso.
Mas há pais que simplesmente não querem saber. Fazem
valer-se do “eles são crianças eles que se entendam” para fugir a uma
responsabilidade que é sua. Veem o filho a ter comportamentos altamente
incorretos mas a preguiça de se levantarem para irem resolver o assunto é
muita.
O Guga estava sentado para descer o escorrega. Um rapaz mais
velho, com cerca de oito anos, subia o escorrega e sentava-se na frente do
Gustavo com ar de gozo a olhar para mim. Os pais deste rapaz ao longe achavam muita piada à situação.
- Mamã eu queria descer. – disse o Gustavo.
- Desce filho.
- Não posso está aqui o menino.
- Desce na mesma. O escorrega é para descer por isso o
menino vai sair daí agora!
Quase me senti culpada por falar assim para outra criança.
Estava um rapazinho com cerca de três anos a andar de
baloiço quando o mesmo rapaz mais velho o empurrou e o fez cair do mesmo. Os pais deste
rapaz mais velho, no muro bem ao fundo onde estavam sentados, riram-se. Eu,
respirei fundo, e agradeci por não ser o
Gustavo a ter sido empurrado. Caso
contrário eu e o Zé possivelmente perderíamos a razão (ok, eu perderia a razão) e estaríamos a falhar
como pais, tal como esse casal de acéfalos falhou.
Só eu é que não acho normal existirem pais que vêem os filhos a serem mauzinhos com outras crianças e não fazerem nada?
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