domingo, 10 de fevereiro de 2019

Coisas que não devemos dizer aos miúdos

Todos nós perdemos a paciência pelo menos uma vez na vida.
Eu diria que perdemos várias vezes por semana, principalmente quando existem crianças.
Não nos vamos culpar, é mesmo assim. Depois de um dia de trabalho, uma mãe chega a casa exausta e ainda tem de fazer o jantar e dar banho ao miúdo. Nesse dia, o miúdo faz uma birra incrível e a mãe diz algo que não devia dizer.  Uma avó que fica a tomar conta dos netos e que no desespero de conseguir dar-lhes o almoço, diz algo que não deve. O pai depois de horas a ouvir berrar um "quero a mãe", também diz um disparate ou outro.
Não há aqui culpas. Somos humanos e todos erramos, quanto a isso nada a fazer. O que podemos fazer, é refletir.

Se não te portas bem vais dormir!” Então mas dormir não deve ser encarado como algo positivo e importantíssimo para qualquer criança? Vamos transformar isso numa coisa má que só acontece a quem se porta mal?

Come tudo senão vou já chamar a polícia!” Ou seja, a polícia é um vilão, portanto vamos ensinar a criança a ter medo dela. Se um dia a criança se perder e precisar de ajuda, não vai de certeza ter com estes monstros maus.

Não te quero a mexer aí. Depois aparece o papão para ralhar.” Não sei quem é esse papão, nunca o conheci. O que sei é que as crianças por si só já têm medos. Quando o miúdo depois começar aos gritos durante a noite com pesadelos não se queixem ok?

Ai queres mais bolo? E sopinha não?” Mais uma vez, a sopa é fundamental na alimentação da criança, logo deve ser encarado como tal, sem sarcasmos e essas cenas todas. Não deve servir de ameaça portanto.

Vou dar a tua chucha ao cão”. As crianças podem criar uma grande dependência com este objeto, mas nenhum bebé nasce e pede uma chucha. Portanto se inserem este objeto na boca do miúdo, depois estejam preparados para respeitar o seu tempo. Ou para criar uma estratégia para a retirar que não envolva um pobre cão que não quer a chucha para nada.

"É preciso ir chamar a tua professora?". Alguns pais, ainda este ano, já me confessaram utilizar esta estratégia. O problema é que assim os pais estão a passar a autoridade para mim, e em casa a autoridade deve ser deles. A criança deve arrumar porque os pais mandam, não por outro motivo qualquer.

"Se não fazes isso não vais ao cinema como tínhamos combinado!". Acho positivo uma criança ser castigada, se isso contribuir para o seu crescimento. Mas tenham a certeza de que depois levam o castigo até ao fim. Eram mesmo capazes de, depois da poeira assentar, manter a decisão de não ir ao cinema? .


(Fonte: https://3ymedia.net/privacidad-en-las-redes-sociales-las-fotos-que-nunca-debiste-subir/id-10033217/)


domingo, 3 de fevereiro de 2019

Obrigar uma criança a escolher entre o pai e mãe? Não obrigada.


Fomos almoçar a casa da minha avó, bisavó do Gustavo.
De seguida, o Zé ia a uma consulta enquanto eu ia a casa dos meus pais. Para não estarmos a depender um do outro fomos cada um de nós num carro.
Após o almoço, tal como tinha previsto estava mesmo em cima da hora da consulta do Zé, então dirigimo-nos para os carros para seguirmos destinos diferentes.  O Gustavo vinha comigo para casa dos meus pais enquanto o Zé ia seguir no carro dele, para o médico.
Ao chegar à estrada e reparar que estavam lá os dois carros (nunca acontece, ou está um  ou outro) o Gustavo ficou automaticamente confuso. Foi até ao meio da estrada onde olhava para a esquerda e apontava “popó pai” e para a direita dizendo “popó mãe”.
- Anda filho vens com a mãe. O pai tem de ir a um sítio sozinho.
O Gustavo foi a correr ao encontro do Zé. Deu-lhe a mão e puxou-o em direção a mim. “Papá popó mãe!”, afirmou meio zangado.
- Não filho, escuta, vamos em carros separados mas depois o pai vem ter connosco, pode ser?
O Gustavo pegou então na minha mão e levou-me até ao carro do Zé. “Mãe popó pai”. De seguida foi buscar o Zé.
O Zé explicou que tínhamos mesmo de ir embora, e que ele vinha comigo de carro, mas que depois o também vinha ter connosco. O Zé afastou-se um pouco em direção ao carro dele e eu em direção ao meu. O Gustavo ficou parado exatamente a meio caminho. Os olhos ficaram incrivelmente arregalados e com uma expressão de desespero. Chorou o caminho todo.
Ele ficou verdadeiramente assustado com a ideia de ter de se separar de um de nós, com a ideia de ter de optar entre o pai e a mãe.
Porque raio então, há adultos que aquando do divórcio, obrigam os filhos a fazer essa escolha? Numa situação razoável, em que  pai e mãe morem perto  um  do outro e tenham horários de trabalho que permitam a custódia partilhada, porque existem tantas pessoas incapazes de chegar a um acordo em prol dos filhos? Se uma criança ama tanto a mãe como o pai, se uma criança precisa da mãe tanto como do pai, porque tem de abdicar de passar tempo com um deles? Porque existem mulheres que lutam para ficar com a guarda total do filho ignorando a importância do filho passar tanto tempo com o pai como passa com a mãe? E como existem homens que aquando o divorcio se demitem das funções de pai e até agradecem que a mãe das crianças queira ficar com elas a tempo inteiro?

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