sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Falo com ele de tudo, mesmo que não perceba nada.

Nunca fui daquelas mães que falava com a barriga de grávida, ou que punha música para o bebé ouvir. Sentia-me uma verdadeiramente idiota sempre que dizia um simples olá ao meu futuro filho.
Quando ele nasceu também não foi algo assim automático, sentia-me um pouco tonta até a cantar para ele, parecia tudo muito forçado.
Com o tempo tudo começou a fluir normalmente e ele devia ter apenas um mês quando eu já falava com ele de tudo.
Tinha noção de que possivelmente não percebia grande coisa, mas gostava de conversar com ele sobre tudo o que se ia passar nesse dia, por exemplo.
Hoje continuo a agir do mesmo modo. Há uma semana que ando a falar com o Gustavo sobre a nossa ida ao norte. Ele é um miúdo pouco dado a mudanças de rotinas e a confusões. No aniversário dos seus dois anos apesar de terem ido só pessoas próximas dele, a certa altura já pedia para ir embora. 
Para tentar que lhe faça menos confusão a nossa mini viagem (que para ele será uma grande viagem) tenho andado a explicar que vamos andar de carro durante algum tempo, e que depois vamos ver as tias e o cão. Todos os dias tenho falado com ele um bocadinho sobre isso, já por antever que de noite vai pedir para ir para a "caminha pabo casa pabo". 
Os miúdos, uns mais que outros, sentem imenso as mudanças. É fundamental que o adulto vá arranjando estratégias que ajudem a criança a lidar com essas mesmas mudanças.
Em breve vamos mudar de casa, e já espero que venha a ser um pequeno drama. Para já, desejem-me sorte para esta viagem com o melguinha.


domingo, 23 de dezembro de 2018

O Natal, que não é o mesmo.


O Natal não tem o mesmo cheiro. As mesmas cores. Nem sequer as mesmas pessoas.
O Natal muda, e tudo muda com ele.
A noite de 24 já não é passada naquela garagem transformada em grande cozinha fria e escura, mas onde todos eram felizes. Também já não cheira àqueles doces tradicionais de Natal que eu não comia porque não gosto, mas que me faziam sentir em casa.
Houve um ano em que a árvore tinha perdido algum encanto porque a minha avó já não tinha forças para a fazer igual.
O jantar também foi perdendo o sabor, à medida que a minha avó perdia a capacidade de conseguir cozinhar.
Já não dançávamos e cantávamos tanto, porque aos poucos íamos percebendo que aquele Natal, podia ser o último Natal em que íamos estar todos reunidos. E houve um ano em que foi.
No ano seguinte a minha avó já não se sentia capaz de festejar o Natal. E este ano pela primeira vez ela já não está mesmo presente.
É suposto que com o nascimento de novas crianças o Natal vá ganhar mais cor e alegria, mas a verdade é que enquanto uns nascem, outros se vão. É a lei da vida, mas ninguém disse que era fácil.
Este Natal pela primeira vez há uma nova criança que já percebe um pouco o espírito desta festividade, e que já nos vai arrancar sorrisos ao abrir as prendas. Pela primeira vez também, vai faltar uma pessoa na mesa.
Por muitas crianças que nasçam e que alegria nos tragam, não afastam as saudades dos que já não estão.
Um sincero feliz Natal para todos vocês que estão a ler este texto. Um abraço apertado para aqueles que este ano já vão sentir a falta de alguém na mesa.

Fotografia de Devup.me




quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Festas de anos: para os miúdos ou para os pais?

Festas de anos de bebés, com orçamentos de centenas de euros, decorações a rigor, insufláveis, prendas caras, bolos de vários andares, animação... e o bebé ali, desejoso de voltar para o seu lar tranquilo onde se sente seguro e feliz.
O Gustavo vai fazer dois anos. Este ano vai ser facílimo de pensar e realizar a festa, mas vou falar-vos de quando ele fez um ano.
O primeiro aniversario de um filho é um acontecimento único, certo? Nem sabia por onde começar. Tinha tantas pessoas para convidar, tantas decorações para fazer, tanta coisa em que pensar.
As pessoas não iam caber todas em minha casa, por mais voltas que tentasse dar. As decorações iam ocupar imenso tempo se eu as decidisse fazer (tempo que não tinha) ou muito dinheiro. Qual ia ser o tema? O que ia comprar de comida?
Depois, parei para pensar no Gustavo e naquilo que ele ia querer. A verdade, é que ele se estava a borrifar. Um miúdo de um ano não sabe que faz anos, nem sabe o que é suposto haver numa festa. Não percebe que a festa é dele, muito menos o motivo pelo qual lhe estão a fazer uma festa. Depois também pensei nas pessoas que queria convidar. As minhas grandes amigas, aquelas do coração, tinham mesmo de estar presentes. Mas tinham de estar presentes para quem? É que o Gustavo tinha estado com elas umas duas vezes na vida. Tinha também de convidar as primas todas, porque já é raro estarmos juntas e elas adoram o Gustavo!! E eu adoro-as a elas!! Mas o Gustavo não as adora (ainda), desculpem mas é verdade. Se tinha estado cinco vezes com elas, era muito.
Então pensei nas pessoas que faziam parte do dia a dia do Gustavo: pais, avós maternos, bisavós maternos, irmãs paternas (nem sei se este termo existe), tias e tio. São estas as pessoas que todas as semanas estão com o Gustavo. Eram estas as pessoas que ele ia querer com ele. Lá consegui pelo meio incluir mais uma ou outra pessoa especiais para mim ou para o Zé, mas muito poucas mesmo.
Este ano a saga repete-se, com a agravante que este ano o Gustavo está menos disposto a interagir com pessoas que não conhece bem. Ainda não pensei bem sobre a festa, mas certamente será pensada para ele, mais uma vez, e não para mim. 

Fiquem atentos à nossa página aqui .

E à minha pagina (que talvez se venha a tornar nossa) aqui .

Primeiro aniversário do Gustavo