quarta-feira, 30 de maio de 2018

O meu melhor presente para ti.

Querido Gustavo.
Não tenho muito para te dar. Vejo blogues escritos por pessoas de bem na vida, que fazem constantemente grandes viagens para paraísos perfeitos e eu nem consigo sair de Portugal há quatro anos. Têm casas lindas com um pequeno jardim para os filhos brincarem e eu nem consigo ter uma casa para teres um quarto só teu. Os filhos têm as roupas novas que saem nas coleções de marcas boas, mas tu usas a roupa que era do filho da minha melhor amiga. Podem levar os filhos a jantar ou ao cinema sem terem de analisar bem o saldo da conta, e connosco as coisas não são bem assim. O nosso sofá está a precisar de ir para a reforma mas continuamos com ele assim há cinco meses porque não conseguimos comprar um novo. Eu não me importo e espero que tu também não.
 Que nenhuma destas palavras soe a crítica. É apenas um desabafo de quem estudou e lutou para ter uma vida assim boa e folgada em termos monetários, mas (ainda, espero) não conseguiu alcançar grandes feitos em termos de carreira. E de quem queria muito fazer uma viagem e levar-te, de quem queria um pequeno terraço para jogares à bola, de quem queria conseguir comprar-te uns ténis novos sem ter de optar por aqueles só porque eram os mais baratos.
Ainda assim, desde que nasceste que te tenho dado o meu maior presente: Tempo.
Tinhas cerca de seis meses quando começaste a acordar às cinco da manhã para brincar. Lá ia eu contigo para a sala rolar no tapete ou cantar cantigas com um olho aberto e outro ainda fechado.
Ao fim da tarde por muito que viéssemos cansados do trabalho íamos sempre contigo ao parque ou à praia. E acredita que em muitos dias não tínhamos assim tanta vontade de o fazer (desculpa mas às vezes não tínhamos).
Muitas vezes vim a correr a casa à hora de almoço pôr roupa a lavar ou aspirar, para que quando chegasses ao fim da tarde eu fosse só tua. Sem preocupações, sem tarefas domésticas, sem dramas.
Claro que existem momentos em que não consigo ter tanto tempo para ti quanto desejava, mas o importante é fazer com que cada pedaço de tempo se torne infinito.
E agora lá vim eu a correr apanhar e dobrar roupa para que logo possamos ir buscar as manas à escola como tanto adoras e brincar com elas no parque.



Bochechas da mãe, 2017

Familyland, 2017

Dia na piscina, 2018


segunda-feira, 28 de maio de 2018

Foi ele, as filhas e a mãe delas

Isto dos divórcios é muito complicado. Duas pessoas que se amavam ao ponto de casarem e terem filhos, e afinal já não é nada disso. E depois fica complicado com as famílias. E depois com os amigos. Mais diria com os amigos até porque vão sempre ter de escolher um lado digam o que disserem. Mas o pior mesmo é quando há crianças à mistura.
Como educadora e professora assisti a tanta coisa. "A mãe diz que a namorada do pai é má e não posso gostar de estar com ela", "O pai diz que a avó da mãe foi má para ele", "Eu queria ir com o pai mas a mãe ia ficar muito triste", "A mãe agora vai ter outro bebé mas o pai diz que ele não vai ser meu mano mas a mãe diz que sim", "O pai fez a mãe chorar muito e se ele gostasse de mim não fazia". A sério, como se lida com isto?? Isto sem falar dos casos mais graves em que os pais até à pancada andaram em frente dos filhos, enfim.
Penso que raramente numa separação os membros do casal conseguem ficar amigos. Quase que fico comovida quando um casal no auge da relação diz "Ah e tal mas eu se me separasse o pai do meu filho ia ser sempre o meu melhor amigo". E depois separam-se, e não é nada disso. 
Não têm na minha opinião de ficar amigos, desde que, não fiquem inimigos. 
Lembro-me que quando comecei a estar com o Zé sentia o ambiente pesado e alguma tensão entre ele e a mãe das meninas (é ex mulher eu sei mas acho esse termo tão feio). Ainda assim sempre foram super educados e cordiais um com o outro. Hoje em dia já não há nada dessa tensão e falam mais, apesar de o tema ser sempre o mesmo: as filhas.
Não desejam feliz Natal um ao outro, não telefonam a dar os parabéns um ao outro, se se virem limitam-se a dizer olá boa tarde, e não ficam ali a fazer conversa. Não são amigos, mas respeitam-se e conseguem estar juntos se for necessário e não criam mau ambiente ao seu redor.
Lembro-me de ter começado a estar com o Zé, e de sempre ter tido a certeza de que a mãe delas nunca tinha falado mal de mim às filhas. Só isso permitiu que elas e eu nos déssemos tão bem desde o início. Pelo contrário, sempre lhes mostrou que eu devia ser respeitada enquanto namorada do pai.
No aniversário passado da Matilde, ela decidiu fazer a festa com a mãe (elas é que escolhem como querem fazer e nenhum dos pais se opõe) mas queria muito que o irmão lá fosse. Foi a primeira vez que isso aconteceu. Eu era incapaz de privá-la de estar com o irmão numa data especial portanto eu e o Zé fomos lá cantar os parabéns e levámos o irmão.
Desta vez a Matilde tinha um acampamento dos escuteiros onde ia receber o seu lenço. Não estou bem a par das coisas dos escuteiros mas sei que a rapariga estava em êxtase e que era algo muito importante para ela. O pai foi acampar com ela durante o fim de semana todo. No sábado, toda a família podia ir jantar e assistir à entrega dos lenços. Apesar de a mãe das meninas me ter mandado mensagem a dizer que eu poderia ir, já tinha coisas combinadas, e isso de mato com bichinhos e comer enlatados não é bem a minha cena.
Portanto basicamente o jantaram os quatro (juntamente com os restante grupo e familiares).
Assumo que antigamente talvez me fizesse alguma confusão. Agora na verdade, só penso que fosse com o Gustavo, e ele quisesse ter a mãe e o pai presentes, ia ter. E quando houver outra situação em que as meninas queiram a mãe e o pai, também vão ter. E se me apetecer dessa vez vou, se não me apetecer não vou, sem problema. A Gabriela é que às vezes diz que "a mãe e a Catarina agora são bué bff's". Possivelmente até seríamos se as circunstâncias fossem outras. Mas fiquem sabendo que falo muito mais eu com a mãe delas do que o próprio pai. Eu acho que ela aos poucos está a desistir de falar com o Zé porque realmente ele troca os recados todos.
Será que dá para todos os ex casais perceberem que só se divorciaram um do outro, mas que não se divorciaram dos filhos? Será que dá para discutirem na frente dos filhos? Principalmente, será que dá para não falarem mal um do outro na presença dos filhos? A sério, tentem pensar o que uma criança que ama o pai e mãe pode sentir ao perceber que eles se odeiam. Tentem pensar em quanto essa criança fica magoada. Não imagino como possa ser difícil nalguns casos, mas quero acreditar que pelo bem do meu filho, eu ia ser conseguir manter uma relação cordial com o seu pai. E que o ia respeitar, acima de tudo. Afinal de contas foi o pai que eu escolhi para ele.
Posto isto, caros ex casais: Não têm de ser amigos. Não têm sequer de gostar de estar um com o outro. Têm de fazer o melhor pelos vossos filhos, mesmo quando isso vos possa custar. Têm de ser pais, ponto.

A Matilde com um amigo

A Gabriela com a mãe

O Zé feliz por estar dois dias sem mim

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Licença de maternidade: Expetativa vs Realidade

Ia tirar quatro meses de licença de maternidade. Infelizmente não conseguia tirar mais.
Mas bom, quatro meses é muito tempo. Tudo bem que ia ter um bebé para cuidar mas cada dia tem 24 horas portanto ia ter tempo de sobra para tudo o que quisesse fazer.
Sim eu tinha noção do trabalho que um bebe dava. Mas os bebés também dormem muito. E ficam na espreguiçadeira mesmo acordados. Ou no berço. Ou apenas sossegados no nosso colo.
Gravei muitas séries e filmes porque quatro meses em casa parecia-me o ideal para me por a par das temporadas das minhas séries favoritas e para ver aqueles filmes que andava a adiar por falta de tempo.
Ah, e a casa? Por muito trabalho que um bebé dê, com o tempo que ele dorme e com um dia com 24 horas, dava mais do que tempo para ter sempre as lides domésticas em dia. E o cesto da roupa suja nunca mais ia ficar cheio ao ponto de a tampa não fechar.
Ia também por em ordem os encontros com as amigas. Com o tempo livre que ia ter sobrava mais do que tempo para um cafézinho.
Quanto ao ginásio era óbvio que ia voltar, pelo menos duas vezes por semana.
Bom, isto foi o que eu pensei, o que eu tinha organizado mentalmente para gerir aqueles quatro meses.
Na verdade o meu tempo de licença foi mais assim:
Depois de 16 horas de trabalho de parto que incluíram a noite e uma cesariana de urgência, estive 32 horas seguidas sem dormir. Começou logo bem não é? Depois .... o bebé. O meu tesourinho.
Ele dormia muito de início sim. Mas ninguém me avisou que as vezes os bebés fazem barulhinhos a dormir. Portanto ele dormia mas eu não. Quando lá conseguia adormecer, acordava com um berreiro descomunal a queixar-se da fome. 'Tadinho dele. E 'tadinha de mim.
Sempre que mamava fazia cocó. Mas um coco até às suas maminhas. Não havia fraldas ou tapa fraldas ou o que fosse que resistisse. Sempre que havia coco, havia um bebé pronto para entrar no banho e portanto um monte de roupa para lavar. Ele nasceu de inverno portanto incluía sempre umas boas camadas de roupa.
Durante a noite ele ia dormindo duas a três horas seguidas. Mas eu ficava mentalmente a pensar quantas horas iria eu conseguir dormir. E a tentar ouvir a respiração dele.
De dia nunca dormiu sonos grandes. Talvez uns quarenta minutos no máximo. Portanto eu deitava-me para tentar dormir mas quando finalmente conseguia ou estava perto, ele acordava.
Às vezes nem tentava dormir, tentava ver uma daquelas séries que tinha gravado. Durante três meses não consegui ver um episódio completo.
Acho que nestes primeiros quatro meses nunca dormi mais de quatro horas por dia, no total, incluindo dia e noite. Parecia uma morta viva. Completamente cansada, esgotada, até apática.
Este miúdo bolsava ainda que era uma coisa louca. Chegou ao ponto de certo dia usarmos panos de cozinha porque as fraldas, que eram mesmo muitas, estavam todas para lavar. Lá estava o cesto da roupa suja cheio ate ao teto.
Quanto às amigas, era uma sorte quando eu tinha força para pegar no telefone e mandar-lhes uma mensagem. O Gustavo tinha cerca de 3 meses e meio quando o deixei um pouco com a minha mãe para ir lanchar com o meu grupinho de sempre: a Joana, a Joana, o João e a namorada do João, a Joana. Nomes originais neh?? Estive lá o tempo todo a tentar manter-me calma mas só me apetecia ir a correr ver dele. E às tantas, peguei no carro do Zé e fui.
Por fim o ginásio.... sem comentários não é? Se conseguisse passar o dia sem me sentir tonta de cansaço já era um dia muito bom.
No meio de toda esta loucura tive muito ajuda da minha família. Caso contrário não sei mesmo como tinha aguentado.
Morro de inveja daquelas mães, que há, que passam estes meses na maior, entre almoços e jantares com amigos e família com o bebé atrás. Juro.

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Não percebo isso de dar muito trabalho à mamã.

terça-feira, 22 de maio de 2018

Não temos mel nem mimimi

Sabem aqueles casais que festejam o primeiro mês de namoro ou casamento? E depois o segundo? E o terceiro? Eu acho isso parvo confesso, peço desculpa a quem ofender. Agora claro porque aos 18 anos achava um máximo.
Agora aqueles casais que festejam um ano de namoro ou de casamento, ou dois, ou cinco... isso já entendo. Isso quase todos os casais que conheço o fazem. Quase todos, menos nós.
Estava eu no Jumbo a fazer compras (é a segunda vez que falo do Jumbo parece que passo lá a vida, mas na verdade vou mais ao Pingo-Doce) na secção das carnes quando escolho um belo bife de vaca, daquelas que fazem mesmo mmuuhhh e que não falam do tipo "Olá querida". Olhei para a data de validade e fez-se um click: mais uma vez não tínhamos festejado o nosso aniversário.
Eu podia dizer que não festejámos porque não tínhamos dinheiro. E que no ano anterior não festejámos porque tínhamos um bebé pequeno. E que no ano anterior eu estava grávida sempre a vomitar. Podia dizer isso tudo mas era mentira. Não nos lembrámos, outra vez.
Não festejámos porque nos esquecemos sempre, é só isso. Podia também dizer algo super romântico e cliché como "Nós não celebramos datas celebramos momentos".
Não somos românticos. Já recebi flores, já fiz jantares surpresa... mas não somos mesmo aquele casal cheio de mel. 
Acima de tudo somos amigos e companheiros. Há amor, claro que há. Mas não me vejo a desfilar numa igreja de vestido de noiva. Muito menos a dançar apaixonadamente com ele. Nem a ter um copo de água todo pipi. Nunca me quis casar muito sinceramente. Ele coitado casou uma vez e bastou.
Vamos continuando assim iguais a nós mesmos. Mas já prometemos que para o ano festejamos o nosso aniversario de namoro. Espero não me esquecer outra vez.


Festa dos 40 dele.Eu tinha 27 muahahah

39 semanas. Já não aguentava, nota-se neh?

Primeiras férias em família


segunda-feira, 21 de maio de 2018

Porquinhos, porquinhos

Hoje desabafo enquanto educadora: por favor, deixem as crianças ser crianças.
Trabalhei sete anos numa escola que foi a minha escola de eleição. Conheci pessoas fantásticas, incluindo o pai do meu filho, fiz grandes amizades, conheci crianças e pais maravilhosos.
No entanto nessa escola (e possivelmente noutras) havia um acontecimento constante. À saída, as queixas das mães porque os meninos iam sujos. As mães ficavam mesmo chateadas e chegavam mesmo a ser muito desagradáveis com quem entregava as crianças. Alegavam dar muito trabalho tratar da roupa dos miúdos e a tirar as nódoas, ou que ainda iam às compras e era uma vergonha levar os miúdos assim.
Uma mãe do primeiro grupo que apanhei chegou a perguntar se não podia tirar a terra debaixo das unhas do filho ao final do dia. Nesse dia eu não devia estar bem disposta, respondi que aquilo era uma escola e não um spa. Recentemente uma mãe exigiu que o filho não fosse ao recreio porque o filho era dela e não o queria sujo. Mudei de emprego e não sei como terminou essa história.
Não foi uma, nem duas, nem dez vezes que eu recebi queixas de mães porque os sapatos novos iam sujos de terra. Ou porque a camisola nova ia suja de tinta. Ou porque os cabelos iam emaranhados. E assim como eu, as minhas colegas ouviam a mesma lenga-lenga quando entregavam os meninos da sala delas. Se calhar podiam não mandar as crianças com roupa nova, por exemplo.
Expliquei várias vezes às mães o seguinte: as crianças vão sujas de terra porque as deixei brincar na terra. Porque procuraram bichinhos e fizeram bolinhos. A roupa ia suja de tinta porque fizeram um trabalho que adoraram e quiseram repetir para dar um à mãe. Os cabelos das meninas iam emaranhados porque correram, saltaram, rebolaram. Ah, e no meio de tudo isto riram muito e foram felizes.
Cheguei a ter uma mãe que me respondeu que se eu achava isso tudo tão importante podia lavar a roupa da filha dela. Não, não posso. Porque essa é a tarefa da senhora. No entanto lavo a roupa de duas miúdas e de um bebé. 
Quando vou buscar a minha enteada mais nova muitas vezes a mando abrir a janela do carro. Bolas, como é possível uma miúda que de manhã vai tão arranjadinha voltar da escola a cheirar mal?? Mas volta. E vermelha de tanto brincar. E o cabelo cheio de nós. E principalmente, feliz.
A mais velha já passou essa fase, mas ainda me lembro de quando chegava a casa até ao sexto ano. Vinha igual à outra.
Bem do bebé, quase nem vale a pena falar. Às vezes entra na banheira vestido. A terra cai por todo o lado. No cabelo, tenho de por amaciador das irmãs para conseguir desembaraçar o cabelo pastoso com mistura de terra e comida e sei lá mais o que.
Portanto basicamente é isso. Aqui por casa, eles chegam porquinhos, porquinhos da escola. Mas felizes. E eu e o pai ficamos felizes por isso.
Abençoadas as mães, que felizmente também são muitas, que tal como eu ficam felizes quando os seus filhos chegam assim também, porquinhos, porquinhos.

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As manas quando eram pequeninas, brincadeiras na aldeia.

Gustavo a apanhar pedrinhas

O Zé e a Gabriela a transformarem a Matilde numa sereia

Sentar na neve com calças de ganga é das coisas mais espertas de sempre

Decidiram pintar-se uma à outra de olhos fechados. Nós deixámos.

domingo, 20 de maio de 2018

É o meu maior inimigo. Não está fácil.

O ano passado quis comprar um biquíni. Depois de experimentar alguns adiei essa tarefa para este ano.
Acontece que este ano já fui várias vezes a várias lojas para comprar um biquíni mas também não consegui. Irrito-me comigo mesma. A verdade é que passadas duas semanas do parto tinha recuperado o meu peso. Três meses depois vestia a minha roupa. Neste momento algumas de vocês podem estar a chamar-me nomes e a pensar "A sério?? Esta gaja recuperou o peso queixa-se de que?".
Eu digo de que me queixo: da flacidez imensa, das estrias, da celulite, da falta de resistência física, do cabelo mais fraco, do peito menos firme ....! Eu pensava que tudo se centrava à volta do peso mas efetivamente tudo se centra à volta do espelho. É ele o meu maior inimigo. Recuperei logo o meu peso mas nunca recuperei o meu corpo. Acredito que seja possível fazê-lo se mudarmos radicalmente a nossa alimentação e fizermos um bom treino físico diário, mas sinceramente, nós comuns mães e mulheres, com trabalho, tarefas domésticas e um bebé a cargo, teremos alguma dificuldade nisso. A sério vamos imaginar uma mulher comum. Sai de casa às oito da manhã para trabalhar. Chega a casa às sete com o filho que entretanto foi buscar ao colégio. Trata do jantar e dá banho ao filho. Prepara as coisas para o dia seguinte. Vai adormecer a criança e nisto são nove da noite.E isto é o caso duma mulher tem um marido que partilha com ela as lides da casa e que arruma a cozinha enquanto ela adormece o filho. É o meu caso.
Voltemos ao tema. É estranho porque toda a roupa me serve, mas estou muito diferente. 
As pessoas olham para mim como se estivesse maluca e dizem que estou igual. Mas eu não estou igual. Só eu sei a nova estria que ganhei que se juntou aos novos buracos nas pernas. A celulite disparou na gravidez e não parece querer voltar a sair. Olham para a minha barriga e quase me criticam "Eu tinha mais barriga do que tu tens agora antes de engravidar!". Ok, mas eu não tenho de pedir desculpa por isso. Eu só sei que quando me sentava ou dobrava a barriga ficava no sítio, rija. Agora apesar de estar aparentemente igual, quando o faço fico com uns três pneus descaídos. 
Custa-me mesmo mas nunca tive o apoio de ninguém nisto. Basicamente como não estou mais gorda em termos do peso propriamente dito, não tenho direito a sentir-me triste quando me olho no espelho. Mas sinto. Muito.
Só eu sei como a minha auto-estima mudou. Só eu sei o quanto tenho adiado ir à praia apesar de já estar um calor ideal. Só eu sei o quanto quero uns calções de ganga, mas não arranjo nenhuns que me tapem bem a coxa toda. Só eu sei como queria o meu piercing do umbigo de volta, mas fiquei com a pele do umbigo tão esticada que quase rasgou o buraco.
E principalmente só eu sei, como nunca mais me senti sexy ou bonita. Ainda que os outros me vejam igual.
Ajuda-me saber que há mulheres na mesma situação que eu. Nada do género "Se não volto à minha forma elas também não!" Mas mais do género "É bom não estar sozinha nisto."
Para já, acho que vou tirar o espelho do quarto. 

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Gosto mais do antes juro

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Rezei a gravidez toda para não ter leite

Hoje é uma confissão. Um desvendar de um segredo que partilhei apenas com uma pessoa: a Filipa.
A Filipa é a pessoa menos julgadora que conheço e talvez por isso tenha sido fácil falar com ela. Por isso e porque trabalhávamos juntas, portanto também acabava por ser minha confidente e por aturar os meus queixumes de grávida oito horas por dia.
Imagino que algumas mulheres me possam julgar mas a verdade, é a seguinte:
Quis muito ser mãe. No entanto quando pensava na amamentação ficava de pé atrás. Eu sei bem o que pensava e o que sentia mas acredito que a maioria das pessoas não o entendam. Não queria mesmo amamentar. Por um lado tinha lido horrores. Que doía, que ficavam com o peito ferido, que até sangrava. Depois a ideia de ter um bebé com a boca no meu peito a beber leite, não era uau, mesmo. 
Na verdade era algo abstrato ainda. Há grávidas que desde o momento em que fazem o teste ficam apaixonadas pelo seu feijaozinho, eu não.
Tive de guardar isso comigo. Uma mãe que não quer amamentar? Que raio de mãe é essa? 
Na verdade eu até tive sorte com a equipa me acompanhou desde o início da gravidez. Perguntavam sempre se eu queria amamentar e não tomavam isso como garantido. Eu dizia que sim, porque sabia que era o melhor para o meu filho e já tinha decidido fazê-lo. Ok, também achava que se dissesse que não me iam responder "Como não???".
Depois o Gustavo Nasceu. Aí já não me perguntaram nada. A enfermeira apenas informou "Mãe está na hora de por o bebé a mamar". Não adorei a primeira mamada, foi estranho. Não tive um click de "Yupi sou mãe" assim que ele nasceu. Por vezes ainda olhava para ele e pensava "Hum..isto é meu. Sou mãe? Não me sinto mãe".
A estadia no hospital foi péssima apesar de a equipa toda ser extremamente cuidadosa e preocupada. Eu achava que o miúdo morria de fome mas as enfermeiras diziam que não. O meu marido seguia a opinião delas. Estive assim quatro dias com um bebé a berrar. Eu também berrava porque achava mesmo que ele tinha muita fome mas ninguém me ligava. Um dia quando tiver coragem escrevo sobre isso. (E sim, afinal era fome!)
Voltei para casa e a cada dia que passava me fazia menos impressão o bebé a mamar. Até ao dia em que para além de não me fazer confusão, eu queria mesmo amamentar. 
Não me doía nada, não me custava nada. Era até maravilhoso. Comecei a desejar que ele fosse daqueles bebés que mamava até tarde. Pelo menos até fazer um ano.
Aos 3 meses começou a largar a mama. Eu ia tentando insistir mas ele simplesmente não queria. Aos 4 meses deixei de ter leite.
Há dias vi uma fotografia que uma bloguer portuguesa postou, a amamentar a filha já com um ano e meio. Tive saudades. E tristeza. Queria que o meu tivesse sido assim. E depois de amamentar e ver como era maravilhoso (comigo foi) queria mesmo. Às vezes penso que será castigo por eu ter pensado que não queria amamentar o meu filho.
O leite materno é o melhor para o bebé e quanto a isso não há nada que possa dizer. É assim, ponto. E pelo bem do meu filho eu faria tudo. Comecei a amamentar mesmo não querendo. 
Ainda assim acho que cada mulher é dona do seu corpo e devia poder tomar essa decisão livremente sem ter de se sujeitar a pressões da sociedade.

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Depois da primeira mamada do Gustavo.

Passado pouco tempo mamava e ficava enroscado em mim até querer.

terça-feira, 15 de maio de 2018

Bom senso procura-se

Sim é preciso bom senso ao falar com uma grávida. De todos.
Comigo isso raramente aconteceu. E algumas das pessoas que me disseram as piores coisas eram pessoas próximas de mim: o meu marido, por exemplo. Pois !!!
Eu morria de medo do parto. Não era medo, era pânico mesmo. Chorei muito. Tive tanto medo que cheguei a ter ataques de pânico com imensa falta de ar. O meu marido achou que uma forma de me tranquilizar era dizer o seguinte "Tem calma, vai tudo correr bem. Só pensam nas mulheres e nos bebés mas também é difícil para os homens. Olha por exemplo que tu morres no parto, já imaginaste como seria para mim?" WWHHAATTT?? Mas ele é parvo ou que???!!!! Sim, ele disse-me isto. Não vou escrever asneiras porque pode haver alguém sensível a ler isto mas F*~?;=&% tipo o que?????
Outra foi duma amiga, com quem até me dava mais na altura do que agora (talvez por causa disto ahahah, não).
Eu não era imune à toxoplasmose e ela achou que era fixe dizer-me a meio dum jantar nosso: 
- Não te preocupes vai tudo correr bem. Por acaso uma amiga duma amiga também não era e o bebé nasceu com uma grande deficiência mental por causa disso.
A sério? Uma grande deficiência tem ela para me dizer isto!!
Depois outra coisa que não era nada de mal mas que me irritava imenssssoooo. A data prevista do parto era 24 de Dezembro. Ya eu sei tivemos uma péssima pontaria. Também sei que ninguém gosta de fazer anos no Natal. EU melhor que ninguém estava danada com isso. Mas todaaaaaa a gente achava um máximo dizer que ia ter um menino Jesus. 
Portanto, resumindo. Quando falarem com grávidas filtrem o que dizem. E se a vossa experiência tiver sido má, ou não a contam, ou mentem. 
E o pai se tiver medo de algo, aguente e esteja calado.

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Grávida de 25 semanas

Grávida de 37 semanas

segunda-feira, 14 de maio de 2018

A palmada

Acho que todas as pessoas ao verem um jovem delinquente ou incrivelmente mal educado já pensaram que uma palmada no momento certo, poderia ter evitado tais ações.
Acho que a grande maioria das pessoas ao verem uma criança gritar para a mãe, fazer uma birra descomunal no supermercado ou até mesmo levantar a mão à mãe já pensaram, ou até comentaram "Ai se fosse meu filho levava cá uma palmada!".
E agora a parte profissional. Também acho que quase todas as educadoras ou professoras, ao lidarem com crianças mais traquinas ou mesmo mal educadas (porque as há, desculpem mas há) também já pensaram "Umas boas palmadas em casa e não era assim de certeza!".
E quase aposto que a maioria das mães já deram pelo menos uma palmada ao filho.
Eu já fui essas pessoas todas e já pensei isso tudo que referi. Tanto como mulher, como educadora, como professora.
Depois fui mãe e durante muito tempo continuei a pensar assim. Até ao dia em que o Gustavo me desafiou e levou uma palmada.
Não tenho a certeza se aquilo pode ser considerado uma palmada. O que eu sei, é que ele chorou uns segundos. Já eu, depois de ele adormecer, chorei umas horas. E pensei, pensei muito.
Não é aquela palmada que vai fazer com que ele não volte a ligar e desligar o botão da tv enquanto olha para mim e ri.
E depois fiquei aqui a matutar nos meus pensamentos, que foram principalmente estes: se eu lhe bato, como posso ter moral para depois lhe ensinar e explicar que não se bate e que as coisas se resolvem a conversar? E quando ele depois achar normal a palmada e for para a escola dar palmadas nos amigos quando estes fizeram algo que, no seu entender está errado? Afinal eu também lhe dei uma palmada porque no meu entender ele fez algo errado.
Depois penso na minha versão profissional: eu passo a vida a educar e cuidar dos filhos dos outros sem lhes bater, e consigo fazê-lo bem (modéstia à parte). Então e o meu vai ser educado à base da palmada? 
Como mãe inexperiente, tenho mesmo curiosidade em saber a vossa opinião sobre o tema. E se não forem mães mas lidarem com crianças, também estão livres de me fazer chegar os vossos pensamentos.

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Gustavo a testar os limites dos pais, 2018.

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Não quero outro. Quero-te a ti outra vez.

Sabem quando éramos crianças e ouvíamos as velhinhas (por velhinha entenda-se pessoa com mais de 35 anos) dizer: - Ai estás tão grande, o tempo passa tão depressa.
Agora a velhinha devo ser eu.
O Gustavo ainda só tem um ano e eu já tenho saudades de quando ele era (mais) bebé. Umas saudades que às vezes me apertam o peito. Parece impossível.
Os barulhinhos que fazia, sabem aqueles sons típicos de recém-nascido? O modo como mamava na língua com apenas horas de vida. Aquele cheirinho a bolsado e leite azedo. Aquele colinho constante e aquela forma como se enroscava em mim. 
Queria tê-lo de novo assim. Minúsculo, todo encolhido no meu peito a suspirar. Quando só queria o meu colo.
Eu sei que é egoísta. Ele cresceu. Já aprendeu e conquistou tanta coisa. Já corre pela casa, já diz umas amostras de palavras. 
Tenho saudades de ter medo de pegar nele. Saudades de quando ainda não abria as mãos. Saudades das preguinhas nas pernas. 
E a primeira vez que sorriu? E a primeira vez que deu uma gargalhada? E quando gatinhou?
Queria reviver tudo novamente. Queria que o tempo passasse mais devagar.
Dizem-me para ter outro filho. Não quero outro filho. Quero ter o Gustavo outra vez.

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Gustavo com um mês

Gustavo com um mês

terça-feira, 8 de maio de 2018

Não existem meios irmãos

Quando engravidei tive receio da reação das duas miúdas. Afinal, ia nascer um bebé filho do pai delas mas de uma outra mulher.
Rapidamente percebi que esses receios não tinham fundamento. Durante toda a gravidez as futuras manas mostraram-se ansiosas e felizes. 
A mais nova chegou a vir ter comigo um dia a dizer que se fosse preciso podia tirar dinheiro do mealheiro dela para pagar consultas e ecografias. A mais velha passou a dona de casa ajudando imenso nas tarefas domésticas para eu não me cansar. 
Desde que o Gustavo nasceu que digo que não considero a Gabriela e a Matilde como meias irmãs. São irmãs, ponto. Achei impressionante o modo como acolheram logo aquele bebé e como o amaram. Ainda eu estava atordoada com a minha nova tarefa de ser mãe, já elas estavam prós na tarefa de manas mais velhas. 
Aqui há tempo uma senhora até fez questão de explicar que "diz-se meios irmãos porque só têm metade dos génes". Agradeço muito a explicação não fosse eu ficar na ignorância. 
Por aqui, continuo a dizer que são irmãos. Nem faz sentido doutra maneira.
- Oh Gabriela ajuda o teu meio irmão a vestir-se.
- Matilde não tires o brinquedo ao teu meio irmão.
- Gustavo não puxes o cabelo da tua meia irmã.
Não sei se sou só eu, mas não me faz muito sentido.
Eu sempre detestei ser filha única e nunca quis que o meu filho fosse o único em casa. Por esse motivo queria ter três filhos. Achei que três irmãos era o ideal. Fui muito esperta eu sei. Escolhi um homem com duas filhas portanto o serviço estava bem adiantado. O Gustavo nasceu e pronto já eram três irmãos. A questão de não ter um filho único está tratada.
Quem convive connosco sabe bem a loucura que as irmãs têm com o bebé e vice versa. Quando vamos buscar as miúdas à escola, ao passar os prédios que dão para o portão começa o miúdo aos saltos na sua cadeira a gritar e apontar "Maaa maaa". Ele sabe que vai ver as manas. E quando as manas não estão à espera que ele as vá buscar, vêm a correr quando vêem que ele também está no carro.
Quando elas estão com a mãe e o pai liga para falar com elas por vídeo chamada, o Gustavo começa sempre a rir para o telemóvel e dá beijinhos no ecrã na cara das manas.
Eu nem percebo bem como mas a verdade é que brincam os três juntos. No outro dia brincavam às escolas. Uma com 13 anos, uma com 10 e um com 16 meses. Eles lá se entendiam, andavam pela casa com livros e mochilas e o mais novo ria à gargalhada.
Já me estou a preparar, para que quando for crescido as suas confidentes sejam as irmãs, não eu. Já me estou a preparar para ele preferir que sejam as irmãs a leva-lo a festas de anos. Já me estou a preparar para que ele prefira usar as roupas que as irmãs escolheram. E pode ser, isso tudo.
Sei que quando forem crescidos e tiverem as suas vidas as irmãs não vão fazer distinção uma da outra em relação ao Gustavo. Acredito que quando tiverem filhos, também não farão diferença de quem é mais ou menos tio. 


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Gustavo e Gabriela, 2017

Gustavo e Gabriela, 2017

Gustavo e Matilde, 2017

As manas foram conhecer o Gustavo, 2016
No parque, Matilde e Gustavo, 2018

domingo, 6 de maio de 2018

Feliz dia da chata galinha

A minha mãe não gostava que eu fizesse piercings. Eu fazia na mesma. Bem, quando era menor tinha de lhe pedir. Para furar o umbigo estive dois anos, leram bem, DOIS anos a chatea-la todos os dias. E não venham cá criticar que "Ai se fosse comigo levavas um estalo e ponto final" porque eu era mesmo muito chata. E porque a minha educação nunca funcionou à base do estalo. 
Na escola também ia tendo um problemazito ou outro (ai daquela amiga que venha aqui comentar esta parte) e a minha mãe lá era chamada uma vez ou outra. Não foram assim tantas juro. 

Quando eu ia jantar com amigos, nem tinha de pedir autorização. Bastava só dizer "Olha mãe hoje não janto." E a pergunta era sempre "Com quem vais?" Eu lá respondia, amuada. Que raio, porque tinha eu de dizer com quem ia?? Já era maior de idade.

Quando ia sair de noite, reparava ao chegar a casa, que a minha mãe ainda tinha a luz do quarto acesa. Eu tinha dito que ia chegar quase de manhã! Não acredito que tinha ficado outra vez acordada à minha espera.
QUE CHATA. Que mãe tao GALINHA. ggrrr.
E depois a resposta era sempre a mesma "Quando fores mãe depois vês!". Mas eu também tinha sempre resposta para ela "De certeza que não vou ser toda preocupadinha como tu!".
Pois... pois. Sou pior, muito pior. E o meu ainda é bebé.
Basicamente hoje é isto: Feliz dia e sim afinal tinhas razão. 

Hoje em dia sou uma filha muito atinada e bem comportada. Ah, e dei-lhe a maior prenda que ela podia imaginar: o neto. 

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A minha mãe com o neto. 2017

Não pus foto da cara dela senão matava-me