quinta-feira, 27 de junho de 2019

Fralda, chucha, biberão - ainda por cima é educadora.

- "Ainda por cima é filho duma educadora" que vergonha. - dizem as pessoas aos constatar três coisas sobre o meu filho. Usa chucha, tem fralda, bebe biberão.
Sou uma pessoa ansiosa de natureza. Os primeiros meses pós parto foram o caos, com uma grande depressão. Entretanto consegui fazer com o Gustavo algo que nunca tinha feito na minha vida: descomplicar.
Não tomou banho ao fim da tarde? Não morre, toma amanhã de manhã. Não almoçou bem? Lancha melhor. Não come sopa? Come verduras em sumos ou purés. Quer adormecer na minha cama hoje? Adormeça.
E quando eu consigo descomplicar, o que fazem as pessoas?? Lixam-me o juízo. 
O miúdo fez dezoito anos e eu não reparei?? Da última vez que verifiquei tinha dois anos e meio.
O biberão, devido às cáries associadas a esse objeto, não me importava que deixasse já, e ando nessa luta. O rapaz é acordado às 6h30 da manhã. Vocês têm paciência para a essa hora se sentarem na mesa a tomar o pequeno almoço? Eu não. Ele também não. E sim, já tentei palhinhas, copos todos giros, ainda não resultou. Pede sempre o "Leitinho no biberão laranja na caminha da mãe e do pai". E eu dou. Quando dorme na casa da avó e acorda por ele, não quer o biberão. Quando passamos o fim de semana ou férias nalgum lado e também acorda por ele, também não quer. Calma, há-de largar quando estiver preparado.
A fralda? Vai todos os dias à sanita. E sempre que vai, faz. Mas acha imensa piada a fazer chichi no chão de propósito. É muito imaturo nesse aspeto. E então? Já viram algum gajo de quinze anos a namorar usando fralda? Eu também não. Ele há-de deixar.
A chucha? Nunca quis dar chucha ao Gustavo. De início ele não pegava nelas. No desespero das cólicas o Zé foi insistindo. Não anda o dia inteiro de chucha. Dorme sempre de chucha e durante o dia por vezes pede, principalmente quando se magoa ou está com sono, ou quando vai ao médico. Claro que sei que a chucha pode deformar o palato entre outras coisas. Claro que quando a pede tento sempre distrai-lo com algo para que se esqueça. Mas calma, há-de larga-la.
Acho ótimo quem tira a fralda aos filhos ainda antes dos dois anos. Acho maravilhoso quem larga o biberão ainda com meses. Acho incrível quem nunca usa chucha.
Mas deixem o meu bebé ser um bebé. Cada criança tem o seu tempo (dentro do razoável) e com o meu filho preocupo-me eu.
O fantástico é que o miúdo até já adquiriu algumas competências que nem são supostas para a sua idade mas o que importa às pessoas ressalvarem, é que devo ser uma péssima mãe, porque nem o desfralde do meu filho consigo fazer, quanto mais dos filhos dos outros....

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O meu bebé lindo que usa chucha, fralda e biberão.






domingo, 16 de junho de 2019

A vossa história no meu blogue - O desaparecimento do meu filho

Sempre fui muito aventureira e desportista. A minha folga ideal é passada a fazer caminhadas no mato com os miúdos.
Nesse ano o meu marido não tinha férias na mesma altura que eu. Tive a ideia de pegar nos miúdos, material de campismo para dentro do carro e seguir à aventura.
Era Agosto de 2018. Conduzi três horas para norte até parar num parque de campismo. Foram os melhores dias das nossas vidas. Muita praia, brincadeiras no mato, refeições feitas à fogueira, nada de televisão. O telefone era usado só uma vez por dia para falar com o meu marido e os miúdos com o pai.
Estava a ser tudo perfeito, até que aconteceu.
Estava na praia com os miúdos. Dez, oito e cinco anos. Uma daquelas praias do norte com ondas perigosas. Juro que as crianças vinham sempre ao meu lado. Até que olhei e não vi o Filipe. Com a calma que me caracteriza, comecei  a olhar em volta. Estava certamente mesmo ali e eu não o conseguia ver.
Olhei para a areia, para o mar ... nada dele.
Tinham passado cinco minutos. Já não estava assim tão calma, mas fingi que sim pelos outros filhos.
Fui espreitar a casa de banho e avisei outras pessoas que estavam na praia para que me ajudassem, vinte olhos viam melhor que dois. As pessoas estavam verdadeiramente preocupadas e nem por um segundo me julgaram.
Ali estava eu a três horas de casa, sem o meu marido , sozinha com os meus três filhos, e um tinha desaparecido.
Passados dez minutos avisei os nadadores salvadores. Instalou-se uma verdadeira busca. Apareceram diversos jipes daqueles que os nadadores salvadores têm, e todos os nadadores ali perto procuravam pelo Filipe. Também as diversas famílias começaram a procurar. Organizaram-se grupos de pessoas para ser mais fácil e eficiente. 
Meia hora tinha passado e nem sinal dele. Os meus outros filhos já estavam com uma família que os levou para que não se apercebessem do meu desespero. Vi um carro da polícia marítima a chegar. E mais outro. 
Uma hora desde o desaparecimento do Filipe. Sentei-me no chão. Vomitei muito. Só aí tive coragem de ligar ao meu marido. Não tinha forças nas pernas. O coração parecia saltar-me do peito.
- Minha senhora, lamento. Com essa idade não é normal que se tenha perdido e não tenha já pedido ajuda. - Disse-me um polícia.
Ligaram à polícia de segurança pública. Ou o Filipe se tinha afogado, ou tinha sido levado. 
Apeteceu-me morrer. Esqueci-me dos outros filhos que ali estavam. A culpa de tudo isto era minha.
Estava sentada no chão quando ouvi no rádio do nadador Salvador:
- Tem cerca de oito anos e é rapaz? O nome é Filipe?
Era ele. Tinha-se perdido e teve vergonha de pedir ajuda. Esperou duas horas até pedir auxílio. Por duas horas não soube do meu filho.
Quando vi, senti um misto. Queria abraça-lo, mas também bater-lhe por não ter pedido ajuda mais cedo. Senti-me a desfalecer.
Passaram meses e ainda tenho pesadelos. E ele também.
Foram segundos em que deixei de olhar para eles e olhei para o mar. Juro que sim. É muito fácil apontar o dedo, mas pode acontecer a qualquer um.
Não desejo a ninguém aquilo porque passei. E nem imagino a dor das mães que perdem mesmo os filhos, para sempre.
Acho que nunca agradeci a ninguém. Não me lembro de conseguir verbalizar no final de isto tudo. Mas agradeço todos os dias: às equipas de resgate, aos nadadores salvadores, à polícia, e a todas as pessoas que me ajudaram. Todos mas todos os dias vos agradeço. Talvez um de vocês leia isto. E se o fizer, vai saber que lhe estou grata até ao fim da minha vida.


Anónimo, 42 anos, Almada.









(Fotografia de TVI iol.pt - retirada da plataforma google)



sexta-feira, 7 de junho de 2019

Palmadas?


 Logo no início do blogue escrevi um texto sobre as palmadas.
Confesso que não sou mesmo fã de dar palmadas ao Gustavo, mas também confesso que há frases que me fazem sentir quase na obrigação de o fazer. “Uma boa palmada nunca fez mal a ninguém”, “Se tivesse levado uma palmada na hora certa não fazia isto”, “Isso é falta de uma boa palmada”; “Levei muitas palmadas e estou aqui”.
Houve uma altura em que o Gustavo nos levantava a mão com muita frequência. Tinha cerca de um ano. No fundo era um bebé a experimentar gestos e reações, mas o Zé achava inadmissível um bebé bater, e que devia levar uma palmada para entender isso. Já eu, defendia que se um bebé aprende pela imitação, bater era o pior que podíamos fazer. Estávamos a ensinar o nosso filho que era correto bater quando se sentia zangado ou frustrado, porque efetivamente era nessas alturas que o Zé achava que uma palmada resolvia o problema.
O Zé lá levou a dele em frente e o Gustavo levou uma ou duas palmadinhas. Adivinhem o resultado? Isso mesmo. O miúdo começou a tentar bater em toda a gente por tudo e por nada. Quanto mais ele batia, mais o Zé defendia a palmada.
Certo dia a pediatra ressalvou isso mesmo. Sem ninguém lhe perguntar, advertiu que por volta daquela idade eles começavam a testar e por vezes a tentar bater, mas que não devíamos bater de volta porque eles agiam por imitação e iam começar a bater ainda mais.
Isso era aquilo que eu já defendia mas tinha sido ignorado pelo meu rico marido. Mas quando é uma senhora Doutora a dize-lo pelos vistos tem outro impacto.
O Zé já tinha feito as coisas à maneira dele, agora íamos fazer à minha. Sendo que o Gustavo andava com essa mania de nos bater, ainda nos levantou a mão muitas vezes sem ter resposta de nossa parte. Certo dia até me avisou “Não se bate” e depois bateu-me. Estava mesmo a testar e a tentar causar alguma reação de nossa parte.
Não obteve reação nenhuma e simplesmente deixou de o bater. Nunca mais o fez porque viu que não tinha o efeito que ele desejava: não nos afetava.
Se acho que uma palmada na altura certa pode fazer milagres? Sim. Se acho que uma palmada quando eles são tão pequenos e agem por imitação é desaconselhado? Também sim.





quarta-feira, 5 de junho de 2019

Ser criança é ...


Já vem sendo habitual postar algumas coisas que os miúdos dizem. As crianças são o melhor do meu mundo e delicio-me com a sua inocência e sinceridade (quem não?).

Só agora consegui recolher aquelas frases giras que os miúdos dizem, desta vez em relação ao dia da criança.

Ser criança é….


Ser pessoa

Ficar muito pequenino

Brincar com o pai

Deixar o pai triste às vezes

Ser filho dos pais

Fazer pinturas

Ser um menino

Estar feliz

Portar-se bem

Ir à escola

Ajudar a mãe

Comer tudo

Ir ao parque


Tão bom que é ser criança!

A minha criança favorita