segunda-feira, 28 de maio de 2018

Foi ele, as filhas e a mãe delas

Isto dos divórcios é muito complicado. Duas pessoas que se amavam ao ponto de casarem e terem filhos, e afinal já não é nada disso. E depois fica complicado com as famílias. E depois com os amigos. Mais diria com os amigos até porque vão sempre ter de escolher um lado digam o que disserem. Mas o pior mesmo é quando há crianças à mistura.
Como educadora e professora assisti a tanta coisa. "A mãe diz que a namorada do pai é má e não posso gostar de estar com ela", "O pai diz que a avó da mãe foi má para ele", "Eu queria ir com o pai mas a mãe ia ficar muito triste", "A mãe agora vai ter outro bebé mas o pai diz que ele não vai ser meu mano mas a mãe diz que sim", "O pai fez a mãe chorar muito e se ele gostasse de mim não fazia". A sério, como se lida com isto?? Isto sem falar dos casos mais graves em que os pais até à pancada andaram em frente dos filhos, enfim.
Penso que raramente numa separação os membros do casal conseguem ficar amigos. Quase que fico comovida quando um casal no auge da relação diz "Ah e tal mas eu se me separasse o pai do meu filho ia ser sempre o meu melhor amigo". E depois separam-se, e não é nada disso. 
Não têm na minha opinião de ficar amigos, desde que, não fiquem inimigos. 
Lembro-me que quando comecei a estar com o Zé sentia o ambiente pesado e alguma tensão entre ele e a mãe das meninas (é ex mulher eu sei mas acho esse termo tão feio). Ainda assim sempre foram super educados e cordiais um com o outro. Hoje em dia já não há nada dessa tensão e falam mais, apesar de o tema ser sempre o mesmo: as filhas.
Não desejam feliz Natal um ao outro, não telefonam a dar os parabéns um ao outro, se se virem limitam-se a dizer olá boa tarde, e não ficam ali a fazer conversa. Não são amigos, mas respeitam-se e conseguem estar juntos se for necessário e não criam mau ambiente ao seu redor.
Lembro-me de ter começado a estar com o Zé, e de sempre ter tido a certeza de que a mãe delas nunca tinha falado mal de mim às filhas. Só isso permitiu que elas e eu nos déssemos tão bem desde o início. Pelo contrário, sempre lhes mostrou que eu devia ser respeitada enquanto namorada do pai.
No aniversário passado da Matilde, ela decidiu fazer a festa com a mãe (elas é que escolhem como querem fazer e nenhum dos pais se opõe) mas queria muito que o irmão lá fosse. Foi a primeira vez que isso aconteceu. Eu era incapaz de privá-la de estar com o irmão numa data especial portanto eu e o Zé fomos lá cantar os parabéns e levámos o irmão.
Desta vez a Matilde tinha um acampamento dos escuteiros onde ia receber o seu lenço. Não estou bem a par das coisas dos escuteiros mas sei que a rapariga estava em êxtase e que era algo muito importante para ela. O pai foi acampar com ela durante o fim de semana todo. No sábado, toda a família podia ir jantar e assistir à entrega dos lenços. Apesar de a mãe das meninas me ter mandado mensagem a dizer que eu poderia ir, já tinha coisas combinadas, e isso de mato com bichinhos e comer enlatados não é bem a minha cena.
Portanto basicamente o jantaram os quatro (juntamente com os restante grupo e familiares).
Assumo que antigamente talvez me fizesse alguma confusão. Agora na verdade, só penso que fosse com o Gustavo, e ele quisesse ter a mãe e o pai presentes, ia ter. E quando houver outra situação em que as meninas queiram a mãe e o pai, também vão ter. E se me apetecer dessa vez vou, se não me apetecer não vou, sem problema. A Gabriela é que às vezes diz que "a mãe e a Catarina agora são bué bff's". Possivelmente até seríamos se as circunstâncias fossem outras. Mas fiquem sabendo que falo muito mais eu com a mãe delas do que o próprio pai. Eu acho que ela aos poucos está a desistir de falar com o Zé porque realmente ele troca os recados todos.
Será que dá para todos os ex casais perceberem que só se divorciaram um do outro, mas que não se divorciaram dos filhos? Será que dá para discutirem na frente dos filhos? Principalmente, será que dá para não falarem mal um do outro na presença dos filhos? A sério, tentem pensar o que uma criança que ama o pai e mãe pode sentir ao perceber que eles se odeiam. Tentem pensar em quanto essa criança fica magoada. Não imagino como possa ser difícil nalguns casos, mas quero acreditar que pelo bem do meu filho, eu ia ser conseguir manter uma relação cordial com o seu pai. E que o ia respeitar, acima de tudo. Afinal de contas foi o pai que eu escolhi para ele.
Posto isto, caros ex casais: Não têm de ser amigos. Não têm sequer de gostar de estar um com o outro. Têm de fazer o melhor pelos vossos filhos, mesmo quando isso vos possa custar. Têm de ser pais, ponto.

A Matilde com um amigo

A Gabriela com a mãe

O Zé feliz por estar dois dias sem mim

4 comentários:

  1. Sempre os admirei por isso. E muito bem escrito, como sempre. (Na minha foto o "amigo" com menos 10 anos 😉)

    ResponderEliminar
  2. Obrigada. Um beijinho grande em especial para o amigo!

    ResponderEliminar
  3. Pois aqui esta um bom exemplo mas as xs nao é facil. Gosto muito do blogue continue assim.

    ResponderEliminar
  4. Eu realmente devo ter uma relação super estranha aos olhos dos outros com o pai das minhas filhas �� somos mais amigos agora do que no final do nosso casamento, ultrapassamos super bem o divórcio e hoje em dia conseguimos ter uma relação muito boa, chegamos a passar aniversários juntos, natais, passagens de ano, entregas de lencos (andam as duas nos escoteiros e, sim é um dia muito especial ��) por isso as minhas filhas nunca têm aquele problema de falar o que for, ou se querem fazer algo com um ou com outro... São felizes ��

    ResponderEliminar