domingo, 12 de agosto de 2018

Bolas para as bolas.

Há coisas de que só ganhei noção ao ter um filho. Uma coisa é trabalhar com crianças, outra é ter uma nossa. No entanto há algo que já sabia e que acabei por confirmar: no que diz respeito a crianças, a galinha da vizinha é sempre melhor que a minha.
O Gustavo tem um fascínio por bolas desde que me lembro. Tem cerca de dez, contando com as das irmãs, com algumas que comprei e outras que lhe ofereceram por saberem dessa paixão. Em casa ou na rua nunca larga a bola que escolheu levar nesse dia... até ver outra de outro menino.
O Gustavo pode estar com uma das suas bolas grandes e coloridas. Se vê um menino com uma bola pequena e já sem cor, quer essa. No dia seguinte o Gustavo leva a sua bola mais pequena e mais velha. Mas nesse dia vai querer a bola grande e nova que vê uma criança chutar.
Sempre, mas atenção que é mesmo sempre, que vamos passear e vê uma criança com uma bola, lá vai ele disparado. Depois há várias opções:

1) Pega na bola da criança e foge com ela nos braços. A outra criança chora, eu tiro a bola ao Gustavo e devolvo à criança pedindo desculpa aos pais. O Gustavo berra e esperneia.

2) Pega na bola da criança e foge com ela nos braços. A criança ignora e os pais riem. O Gustavo acaba por ficar a brincar com a bola que não é sua. Dou a bola do Gustavo à outra criança. Ficam ali a brincar um tempinho enquanto os pais me descansam ao ver o meu ar de vergonha "Ahhh são todos iguais deixe lá!"

3) Pega na bola da criança e tenta fugir mas é apanhado pelo dono da bola. Eu peço desculpa, e os pais da outra criança sugerem ao filho que este ensine o Gustavo a brincar com ele. O Gustavo prefere apanhar a bola com as mãos e fugir. Eu devolvo a bola e vamos embora com o Gustavo a gritar a plenos pulmões.

4) Fica parado muito sério a olhar para o grupo de crianças que está a jogar à bola. Os miúdos são mais velhos e acham piada a ter ali um bebé. Eu tenho uns 10 minutos de sossego enquanto o meu filho está rodeado por miúdos simpáticos para ele.

5) Vai-se aproximando de mansinho da criança com a bola. A criança larga a bola porque não quer jogar com um bebé. Os pais da criança acham o Gustavo fofo e ficam eles a chutar a bola para ele. Eu pego na bola do Gustavo e dou ao outro menino que também fica feliz por ter uma bola que não é a dele.

6) O Gustavo tira a bola das mãos da outra criança. A criança fica a olhar para ele triste. Eu repreendo o Gustavo e devolvo a bola ao dono. Em segundos e a bola está novamente nas mãos do Gustavo. Não percebo como faz isso tão depressa. O pai da outra criança diz-lhe que tem de se começar a defender. A criança foge do Gustavo.

7) O Gustavo tira a bola de outra criança. A criança volta a tirar a bola ao Gustavo reclamando o que é seu e dá um empurrão ao Gustavo para garantir que este percebeu a ideia.

Bolas para as bolas. Bolas para este miúdo mais as bolas. Bolas para as outras crianças com bolas. Bolas para as lojas de rua que vendem bolas que o meu filho vai querer.


A bola favorita. Até ver um miúdo com outra.

Outra favorita. Até ver outra.

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