quarta-feira, 29 de agosto de 2018

As parvoíces da custódia partilhada

Hoje sou eu quem vos escrevo, o Zé. Estou cansado de ler e ouvir tanta estupidez sobre a custódia partilhada aquando dum divórcio. Consigo perceber que possa fazer confusão a algumas pessoas por não terem conhecimento de causa, mas para quem está deste lado é penoso.
Mas vamos a factos:

* Em custódia partilhada as crianças não têm nenhuma casa delas.

ERRADO. Na custódia partilhada as crianças têm não uma, mas duas casas delas.

* As crianças têm de ter o dobro das coisas para irem passando de casa do pai para casa da mãe e vice-versa.

ERRADO. Se as crianças só estão com a mãe ou com o pai metade do tempo, também só precisam de lá ter metade das coisas.

* Fica sempre mau ambiente entre o ex casal e isso afeta as crianças.

ERRADO. Não é fácil de início e ninguém espera que um ex casal continue a ir beber café ou celebrar o São Valentim, mas somos adultos. Podemos não ficar amigos e não querer grandes conversas principalmente de início, mas temos de ser cordiais e lembrar do maior tesouro que temos em comum. O tempo também ajuda.

* As crianças ficam tristes por terem de andar a trocar de casa.

ERRADO. As crianças ficam muito felizes por lhes ser permitido estar tanto tempo com o pai como com a mãe. Afinal, se uma criança ama tanto o pai como ama a mãe, porque teria de escolher?

* É muito complicado a gestão do dia a dia.

ERRADO. É facílimo. Não moramos super perto, temos de ir obrigatoriamente de casa do pai para casa da mãe de carro. Mas está estipulado que isso acontece às sextas feiras. É só preciso organização por parte do ex casal.

* As crianças têm de abdicar de fazer coisas que até queriam com a família da mãe quando estão na família do pai, ou o contrário.

ERRADO. Parte do bom senso de cada família. A Gabriela e a Matilde sabem que quando estão comigo e com a Catarina e querem combinar qualquer coisa com a mãe estão à vontade para faze-lo. Ainda nas férias a mãe quis vir busca-las para um almoço de família e veio. Quando eu a Catarina fomos para o Algarve com as meninas, também pedimos à mãe delas para nessa semana elas ficarem mais um dia connosco.

* Na custódia partilhada as crianças fazem o que querem dos pais pois sentem as costas quentes de ambos os lados.

ERRADO. Eu e Nina vamos falando sempre que existe alguma questão a resolver. A Gabriela este ano recebeu um recado na caderneta e a Nina ligou-me para em conjunto estipularmos uma medida que fosse igual em ambas as casas.

* Na custódia partilhada ambos os elementos do ex casal têm de se dar para o resto da vida.

CERTO. Graças a Deus. Se duas pessoas têm filhos em comum era suposto nunca mais falarem ou nunca mais se verem?

* Na custódia partilhada é mais difícil o ex casal refazer a sua vida.

ERRADO. Ambos refizemos a nossa vida. Quer eu tivesse ou não custódia partilhada tinha duas filhas na mesma. Talvez o facto de se ter filhos possa influenciar, mas não o facto de a custódia ser partilhada ou deixar de ser.

Isto é a minha história e aquilo que resulta para nós. Na minha opinião devia resultar para todas as famílias pois qualquer criança de uma família estruturada precisa tanto da mãe como do pai e é amada tanto pela mãe como pelo pai. Há fatores a ter em conta, como por exemplo se após o divorcio os pais vão viver para cada um para uma cidade diferente.
O fundamental é que cada família pense naquilo que é melhor para os seus filhos. No nosso caso, foi isto que resultou e que faz as minhas filhas felizes.

Até breve, José.

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Pai e filhas. Dezembro 2016


Pai e filhas. Julho 2015.



11 comentários:

  1. Adorei... claro que o José deveria escrever mais, afinal terá outros pontos de vista diferentes... catarina vocês são sem dúvida uma inspiração ...

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    1. Muito obrigada pelas suas palavras! Acho que o Zé vai ter de começar a pensar em escrever mais :D

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  2. Post muito útil! Realmente esta perspetiva nunca é muito explorada, sendo que prevalece os pontos que referiram, mas nada melhor do que alguém que passa pela situação dar o seu ponto de vista.
    Gostei muito, parabéns!

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  3. Muito bom o texto espero que continue a escrever.

    Maria Pires

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  4. Adorei 😉
    Tudo verdade!
    É exatamente isso que se passa ca em casa com a minha enteada.

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  5. Esta é uma situação que apenas é possível quando existe uma proximidade em termos de espaço...no meu caso não acho que fosse muito bom para a minha filha, porque o pai vive a mais de 200km da residência da filha.

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    1. Daí o Zé dizer que há fatores a ter em conta, como o local de residência dos pais. Beijinho

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  6. Eu tenho a custódia partilhada do meu filho há 3 anos. Não temos confusões . E faço mais ou menos como o ze comenta. O meu ex e eu não somos amigos, somos pais e nos entendemos perfeitamente em relação ao nosso filho. Tudo falado tudo muito claro e meu filho é uma criança muito feliz

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