domingo, 25 de agosto de 2019

A hora da refeição é sagrada

Ainda não me tinha mudado para casa do Zé, aliás nem estávamos juntos há muito tempo. Uns três meses, talvez.Havia uma coisa que me fazia imensa confusão na rotina do Zé e das miúdas: a hora da refeição. 
Passavam a refeição inteira praticamente sem falar a ver televisão.  Depois de um dia inteiro separados, aquela meia hora, era passada com os olhos num ecrã. Fazia-me imensa confusão.
Enchi-me de coragem e sugeri que aquela televisão saísse dali. Para espanto meu, as miúdas aceitaram ainda mais facilmente que o Zé. Às vezes até achamos que estamos a fazer o melhor pelos nossos filhos. O Zé com a culpa da separação queria agradar às filhas em tudo, ser o pai fixe para que elas gostassem de estar com ele, e possivelmente achava que elas queriam ver televisão enquanto comiam. Mas provavelmente, o que elas queriam era menos televisão e mais pai.
Desde aí que a hora de refeição é um momento de partilhas e colaboração. Todos põem a mesa, incluindo o Gustavo que entretanto apareceu nas nossas vidas. Todos (aqui fora o Gustavo) levantam o seu prato, passam por água e colocam a loiça na máquina. 
Enquanto comemos não há televisão, telefones nem brinquedos. Falamos do nosso dia, contamos novidades, conversamos sobre as mais variadas coisas. Às vezes somos parvos, cantamos, dizemos piadas ou gozamos uns com os outros. Isso é permitido.
Não sou de radicalismos com nada, mas já passamos tanto tempo longe uns dos outros, que pelo menos este bocadinho seja nosso sem interrupções.

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Um belo jantar.


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