sexta-feira, 7 de junho de 2019

Palmadas?


 Logo no início do blogue escrevi um texto sobre as palmadas.
Confesso que não sou mesmo fã de dar palmadas ao Gustavo, mas também confesso que há frases que me fazem sentir quase na obrigação de o fazer. “Uma boa palmada nunca fez mal a ninguém”, “Se tivesse levado uma palmada na hora certa não fazia isto”, “Isso é falta de uma boa palmada”; “Levei muitas palmadas e estou aqui”.
Houve uma altura em que o Gustavo nos levantava a mão com muita frequência. Tinha cerca de um ano. No fundo era um bebé a experimentar gestos e reações, mas o Zé achava inadmissível um bebé bater, e que devia levar uma palmada para entender isso. Já eu, defendia que se um bebé aprende pela imitação, bater era o pior que podíamos fazer. Estávamos a ensinar o nosso filho que era correto bater quando se sentia zangado ou frustrado, porque efetivamente era nessas alturas que o Zé achava que uma palmada resolvia o problema.
O Zé lá levou a dele em frente e o Gustavo levou uma ou duas palmadinhas. Adivinhem o resultado? Isso mesmo. O miúdo começou a tentar bater em toda a gente por tudo e por nada. Quanto mais ele batia, mais o Zé defendia a palmada.
Certo dia a pediatra ressalvou isso mesmo. Sem ninguém lhe perguntar, advertiu que por volta daquela idade eles começavam a testar e por vezes a tentar bater, mas que não devíamos bater de volta porque eles agiam por imitação e iam começar a bater ainda mais.
Isso era aquilo que eu já defendia mas tinha sido ignorado pelo meu rico marido. Mas quando é uma senhora Doutora a dize-lo pelos vistos tem outro impacto.
O Zé já tinha feito as coisas à maneira dele, agora íamos fazer à minha. Sendo que o Gustavo andava com essa mania de nos bater, ainda nos levantou a mão muitas vezes sem ter resposta de nossa parte. Certo dia até me avisou “Não se bate” e depois bateu-me. Estava mesmo a testar e a tentar causar alguma reação de nossa parte.
Não obteve reação nenhuma e simplesmente deixou de o bater. Nunca mais o fez porque viu que não tinha o efeito que ele desejava: não nos afetava.
Se acho que uma palmada na altura certa pode fazer milagres? Sim. Se acho que uma palmada quando eles são tão pequenos e agem por imitação é desaconselhado? Também sim.





1 comentário:

  1. Penso exatamente assim. Uma palmada só ensina que a violência é permitida.

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