domingo, 23 de dezembro de 2018

O Natal, que não é o mesmo.


O Natal não tem o mesmo cheiro. As mesmas cores. Nem sequer as mesmas pessoas.
O Natal muda, e tudo muda com ele.
A noite de 24 já não é passada naquela garagem transformada em grande cozinha fria e escura, mas onde todos eram felizes. Também já não cheira àqueles doces tradicionais de Natal que eu não comia porque não gosto, mas que me faziam sentir em casa.
Houve um ano em que a árvore tinha perdido algum encanto porque a minha avó já não tinha forças para a fazer igual.
O jantar também foi perdendo o sabor, à medida que a minha avó perdia a capacidade de conseguir cozinhar.
Já não dançávamos e cantávamos tanto, porque aos poucos íamos percebendo que aquele Natal, podia ser o último Natal em que íamos estar todos reunidos. E houve um ano em que foi.
No ano seguinte a minha avó já não se sentia capaz de festejar o Natal. E este ano pela primeira vez ela já não está mesmo presente.
É suposto que com o nascimento de novas crianças o Natal vá ganhar mais cor e alegria, mas a verdade é que enquanto uns nascem, outros se vão. É a lei da vida, mas ninguém disse que era fácil.
Este Natal pela primeira vez há uma nova criança que já percebe um pouco o espírito desta festividade, e que já nos vai arrancar sorrisos ao abrir as prendas. Pela primeira vez também, vai faltar uma pessoa na mesa.
Por muitas crianças que nasçam e que alegria nos tragam, não afastam as saudades dos que já não estão.
Um sincero feliz Natal para todos vocês que estão a ler este texto. Um abraço apertado para aqueles que este ano já vão sentir a falta de alguém na mesa.

Fotografia de Devup.me




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