quinta-feira, 25 de outubro de 2018

O peso do estarmos bem

Nos últimos dois anos tive quatro empregos. Sempre motivada pela busca de uma vida financeiramente mais estável.
Durante sete anos trabalhei no mesmo local. Recebia mal e a más horas, a recibos verdes, sem seguro de trabalho. Foi nesse local que fiz grandes amizades, amizades para a vida. Daqueles amigos com quem vamos jantar, daqueles amigos que frequentam a nossa casa, daqueles amigos com quem fazemos um filho (foi lá que conheci o Zé). Todos os dias morro de saudades daquela escola, daqueles colegas. Muitos até já foram saindo, mas mesmo assim fica algo de nós por lá. E algo de lá fica em nós.
Por gostar tanto de lá estar, fui-me acomodando, apesar das péssimas condições de trabalho. Aquele trabalho era quase estar entre amigos no café. Dei muitas gargalhadas com aquelas pessoas. Também chorei e fui muito amparada.
Entretanto engravidei, e a grande amizade que sentia por todos os colegas não me pagava as contas. Decidi procurar um novo emprego, e saí de um dia para o outro. Não tive tempo para despedidas mas na altura estava a fazer o melhor por mim.
Desde aí andei a saltitar a fazer substituições de baixas médicas. Não era algo fixo é verdade, mas o ordenado no final do mês caía na conta no dia suposto, recebia subsidio de férias e de Natal, e essas coisas todas.
De momento estou a trabalhar, depois de ter estado uns meses em casa desempregada. Ontem ligaram-me com uma proposta de trabalho. Era mais perto de casa, o ordenado era melhor, e era para ficar. Se calhar no passado, eu teria ido sem hesitar. Desta vez recusei sem hesitar.
Tem acontecido algo que não acontecia há muito tempo. Ao domingo de noite, não fico deprimida por ter de ir trabalhar. Quando estou a trabalhar, sinto-me verdadeiramente bem. Apesar de estar a trabalhar apenas há um mês e pouco, sinto que estou ali desde sempre. Fui incrivelmente bem recebida. 
Estou numa fase em que a minha estabilidade emocional tem de ser superior à financeira. Preciso de me sentir bem comigo, preciso de estar feliz no meu local de trabalho. E estou. 
Há muito tempo que eu não trabalhava num local onde sentisse que podia ser eu mesma. E com isto não quero dizer que ando por lá a contar a minha vida a toda a gente, e a beber copos com o pessoal ao final do dia. Mas posso ser como sou. Sinto-me em casa. 
Continuo a ter saudades daquela que foi a minha casa durante sete anos, mas esta nova casa conseguiu atenua-las um pouco. Ando calma, tranquila, feliz, e isso isso também contribui para que em casa com a família as coisas estejam melhor que nunca. 
Como em todos os locais lá terá as suas partes menos boas (que ainda não descobri), mas até ao momento, tem sido aquilo que eu precisava: um lugar que me faz bem. E não há nada que para mim, neste momento, valha mais. 

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4 comentários:

  1. Como compreendo tão bem esse sentimento! Ando em busca de não ter depressões ao domingo mas ainda não consegui mudar... mas tenho fé que um dia mais tarde ou mais cedo isso acontecerá e encontrarei um sítio tal como já tive no passado: onde podia ser eu!! Há-de haver mais sítios assim com certeza... aquele não deveria ser o único. Como me revi no teu post, impressionante! :)

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    1. Nem imagina como é tão bom ler que as pessoas se identificam com alguns textos meus. Muito obrigada pelo comentário e fico a torcer por si !! Beijinho

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  2. Olá,sigo o blog a algum tempo,sou mais de apenas ler mas identifiquei-me muito com este post..trabalho no mesmo sítio há 13anos,apesar de só ter 32 anos,e apesar de ter uma equipa fantástica,o peso dos anos e da rotina começa a pesar..sinto muita vontade de mudar mas custa me deixar as minhas "pessoas" de 13 anos..este texto foi inspirador!obrigado..

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    1. Eu sei que custa, mas às vezes faz bem mudar. E se essas pessoas são assim tão próximas de si, vai continuar a te-las na sua vida. Beijinhos e força.

      Ps- pode continuar a comentar para além de ler, gosto muito de ler criticas, sejam positivas ou negativas.

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