domingo, 3 de fevereiro de 2019

Obrigar uma criança a escolher entre o pai e mãe? Não obrigada.


Fomos almoçar a casa da minha avó, bisavó do Gustavo.
De seguida, o Zé ia a uma consulta enquanto eu ia a casa dos meus pais. Para não estarmos a depender um do outro fomos cada um de nós num carro.
Após o almoço, tal como tinha previsto estava mesmo em cima da hora da consulta do Zé, então dirigimo-nos para os carros para seguirmos destinos diferentes.  O Gustavo vinha comigo para casa dos meus pais enquanto o Zé ia seguir no carro dele, para o médico.
Ao chegar à estrada e reparar que estavam lá os dois carros (nunca acontece, ou está um  ou outro) o Gustavo ficou automaticamente confuso. Foi até ao meio da estrada onde olhava para a esquerda e apontava “popó pai” e para a direita dizendo “popó mãe”.
- Anda filho vens com a mãe. O pai tem de ir a um sítio sozinho.
O Gustavo foi a correr ao encontro do Zé. Deu-lhe a mão e puxou-o em direção a mim. “Papá popó mãe!”, afirmou meio zangado.
- Não filho, escuta, vamos em carros separados mas depois o pai vem ter connosco, pode ser?
O Gustavo pegou então na minha mão e levou-me até ao carro do Zé. “Mãe popó pai”. De seguida foi buscar o Zé.
O Zé explicou que tínhamos mesmo de ir embora, e que ele vinha comigo de carro, mas que depois o também vinha ter connosco. O Zé afastou-se um pouco em direção ao carro dele e eu em direção ao meu. O Gustavo ficou parado exatamente a meio caminho. Os olhos ficaram incrivelmente arregalados e com uma expressão de desespero. Chorou o caminho todo.
Ele ficou verdadeiramente assustado com a ideia de ter de se separar de um de nós, com a ideia de ter de optar entre o pai e a mãe.
Porque raio então, há adultos que aquando do divórcio, obrigam os filhos a fazer essa escolha? Numa situação razoável, em que  pai e mãe morem perto  um  do outro e tenham horários de trabalho que permitam a custódia partilhada, porque existem tantas pessoas incapazes de chegar a um acordo em prol dos filhos? Se uma criança ama tanto a mãe como o pai, se uma criança precisa da mãe tanto como do pai, porque tem de abdicar de passar tempo com um deles? Porque existem mulheres que lutam para ficar com a guarda total do filho ignorando a importância do filho passar tanto tempo com o pai como passa com a mãe? E como existem homens que aquando o divorcio se demitem das funções de pai e até agradecem que a mãe das crianças queira ficar com elas a tempo inteiro?

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