quinta-feira, 21 de junho de 2018

Tinha medo que este dia chegasse... e chegou.

Sempre senti muito medo do facto do Gustavo ter duas irmãs que vivem em custódia partilhada somente por esta questão: e quando elas não estiverem? E como explicar que elas vão para a mãe? Ele há-de pensar: Vão para a mãe?! Mas a mãe és tu.
Sempre me foram tranquilizando dizendo que ele vive essa realidade desde o nascimento e que não havia de lhe fazer confusão. Eu também comecei a pensar assim, fazia sentido.
Eu só não esperava que ele começasse a querer saber das manas quando ainda não lhe consigo explicar, porque não fala. Eu até lhe explico, falo com ele de tudo, mas ele fica a olhar para mim com cara de parvo.
Quando chega o dia das manas irem para a mãe, depois de terem estado aqui uma semana, o Gustavo acorda e vai a correr para a cama delas a chamar "mmaaannnaaaaa, ooh mannnaaa. Biiiiiii". Ele chama mana à Matilde e Bii à Gabriela. Nós explicamos que as manas não estão cá e ele de olhos arregalados diz "Num há cá!" E por momentos passa.
Por vezes quando está a fazer uma das suas gracinhas, como dançar, chama as manas para o virem ver. Mas elas não estão. Outras vezes quando come a sopa toda e quer mostrar às manas que foi lindo, chama as manas. Mas elas não estão. 
Ele tem um telefone de brincar e volta e meia dou por ele a falar ao telefone, a palrar, e lá vai dizendo "mana" e "Bi" pelo meio. Outras vezes vai mesmo buscar o telefone do pai e pede para falar com as manas. E fala. Fica numa excitação quando ouve a voz delas.
Esta semana pela primeira vez foi mais difícil. Quando entrávamos no carro começava a chamar pelas manas a pedir para ir ter com elas. Fomos às compras e passou o tempo todo pelos corredores a apontar e a chamar por elas. Ontem à noite foi o pior. Pediu para falar com as manas e o Zé ligou-lhes. Elas não atenderam. O Gustavo chorou, chorou muito a chamar por elas, e eu depois de noite também chorei e tentei pensar como iria ser daqui para a frente. Mas não consegui pensar em nada de jeito e sinceramente sinto-me um pouco perdida. Pela primeira vez não consigo mesmo ajudar o meu filho e não sei o que fazer para minimizar a falta que as irmãs lhe fazem.


Gustavo a ligar para a "Bii" 



2 comentários:

  1. Vai passar...por experiência própria...vai passar...nós vamos continuar a chorar, pois não substituímos a falta das mamas, mas um dois anos ele habitua—se...dê liberdade para poder ligar e diga às mamas o quanto ele as adora e como fica tristinho quando não estão junto dele. Nunca deixe de lhe explicar, estará a fazer sentido num futuro. Bjos grande partilho as suas lágrimas!

    ResponderEliminar
  2. Nem consigo imaginar. Os meus dois filhos são inseparaveis, nem sei como seria serem separados semana sim semana não. É muito complicado.

    ResponderEliminar