Sempre senti muito medo do facto do Gustavo ter duas irmãs que vivem em custódia partilhada somente por esta questão: e quando elas não estiverem? E como explicar que elas vão para a mãe? Ele há-de pensar: Vão para a mãe?! Mas a mãe és tu.
Sempre me foram tranquilizando dizendo que ele vive essa realidade desde o nascimento e que não havia de lhe fazer confusão. Eu também comecei a pensar assim, fazia sentido.
Eu só não esperava que ele começasse a querer saber das manas quando ainda não lhe consigo explicar, porque não fala. Eu até lhe explico, falo com ele de tudo, mas ele fica a olhar para mim com cara de parvo.
Quando chega o dia das manas irem para a mãe, depois de terem estado aqui uma semana, o Gustavo acorda e vai a correr para a cama delas a chamar "mmaaannnaaaaa, ooh mannnaaa. Biiiiiii". Ele chama mana à Matilde e Bii à Gabriela. Nós explicamos que as manas não estão cá e ele de olhos arregalados diz "Num há cá!" E por momentos passa.
Por vezes quando está a fazer uma das suas gracinhas, como dançar, chama as manas para o virem ver. Mas elas não estão. Outras vezes quando come a sopa toda e quer mostrar às manas que foi lindo, chama as manas. Mas elas não estão.
Ele tem um telefone de brincar e volta e meia dou por ele a falar ao telefone, a palrar, e lá vai dizendo "mana" e "Bi" pelo meio. Outras vezes vai mesmo buscar o telefone do pai e pede para falar com as manas. E fala. Fica numa excitação quando ouve a voz delas.
Esta semana pela primeira vez foi mais difícil. Quando entrávamos no carro começava a chamar pelas manas a pedir para ir ter com elas. Fomos às compras e passou o tempo todo pelos corredores a apontar e a chamar por elas. Ontem à noite foi o pior. Pediu para falar com as manas e o Zé ligou-lhes. Elas não atenderam. O Gustavo chorou, chorou muito a chamar por elas, e eu depois de noite também chorei e tentei pensar como iria ser daqui para a frente. Mas não consegui pensar em nada de jeito e sinceramente sinto-me um pouco perdida. Pela primeira vez não consigo mesmo ajudar o meu filho e não sei o que fazer para minimizar a falta que as irmãs lhe fazem.
Gustavo a ligar para a "Bii" |
Vai passar...por experiência própria...vai passar...nós vamos continuar a chorar, pois não substituímos a falta das mamas, mas um dois anos ele habitua—se...dê liberdade para poder ligar e diga às mamas o quanto ele as adora e como fica tristinho quando não estão junto dele. Nunca deixe de lhe explicar, estará a fazer sentido num futuro. Bjos grande partilho as suas lágrimas!
ResponderEliminarNem consigo imaginar. Os meus dois filhos são inseparaveis, nem sei como seria serem separados semana sim semana não. É muito complicado.
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