sexta-feira, 8 de maio de 2020

E as crianças que estavam com os avós? Quem se lembra delas?

O Gustavo nunca esteve na escola. Sempre achei que tendo oportunidade, ficaria em casa até aos dois anos. Acabou por ficar até aos três por diversos motivos, um deles a questão financeira.
Acontece que o Gustavo estava em casa mas não comigo, não com os meus pais, mas com os meus avós. Tudo corria bem.
Os meus avós, têm ambos 85 anos mas estavam em perfeitas condições para tomar conta do menino. Esteve com eles desde os quatro meses, altura em que tive de ir trabalhar. Todos os dias saíam com ele ao parque ou à biblioteca e todos os dias iam comprar pão. Em casa, eram mergulhados em livros, sempre as mesmas histórias, e em imensas brincadeiras. 
Entretanto apareceu o Covi19, o Zé ficou em teletrabalho e eu fiquei em Layoff. E os meus avós, claro está, ficaram sem o amor da vida deles. Agora, as creches vão abrir, o que significa que existe uma grande probabilidade de eu ser chamada para trabalhar, e o Zé também foi chamado para trabalhar presencialmente, para acompanhar as crianças de primeiro ciclo filhas de médicos, agentes de autoridade etc.
Agora uma questão: o que faço com o Gustavo? Não posso simplesmente faltar ao trabalho, muito menos desempregar-me. O Zé também não. Os meus avós são considerados de risco, alto risco, nunca poderão ficar com o menino. Vou a correr no meio deste caos procurar uma creche numa altura em que todos querem fugir delas? Sendo que na grande maioria não estão a aceitar inscrições no final do ano letivo? Despejo o meu filho que nunca esteve numa escola nem está habituado a qualquer tipo de rotinas escolares numa ama com a cara tapada? Isto, contando mais uma vez, que arranjaria vaga.  Posto isto, o que vamos fazer? A quem vou deixar o meu filho nos dias em que o pai não poder ficar com eles? Que alternativa existe para nós e para as restantes famílias nas mesmas situações?
Vejo o tempo a passar, e eu continuo sem arranjar soluções.

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Estamos loucos, sem saber o que fazer.




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