segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Divórcio- amigos à vista?

Muitas das relações têm início no ensino secundário ou superior, o que significa que regra geral, os amigos de um são também os amigos de outro. 
Quando há um divórcio, dificilmente os membros do ex-casal ficam amigos. Podem ficar cordiais, manter uma relação saudável, ser educados ….. mas raramente ficam amigos e raramente querem continuar a estar juntos nas mais diversas ocasiões. São raras as vezes em que uma relação acabe completamente a bem, portanto possivelmente até muda a forma como se vê a outra pessoa.
Também há aqueles casos em que o ex casal se fica a odiar e as únicas trocas de palavras entre ambos são ofensas (pobres das crianças, quando existem).
Isto significa que os amigos do casal, aqueles que são verdadeiramente amigos dos dois, acabam por escolher um lado. Há sempre aquelas bonitas palavras que ficam bem e que muitas vezes são sentidas, do “vai continuar tudo igual”, mas não fica.
Continuam a existir natais, aniversários, jantares e até férias entre amigos. Depois de um divórcio, é preciso escolher um lado: qual dos dois vai continuar a ir?
O ex marido e a ex mulher não querem continuar a conviver em conjunto (e não me parece nada estranho que assim seja, também não convivo com exs namorados). Foi precisamente para não estarem juntos que se divorciaram. Ainda que seja difícil para os amigos, nos próximos eventos sociais, vão começar a convidar apenas um dos membros do casal. Por um lado não querem mau ambiente, por outro lado têm noção que nunca iriam os dois.
Para a ex mulher ou para o ex marido, tudo continua igual. Para o outro, tudo fica diferente.
De um dia para o outro para além de perder a sua cara metade (ainda que tenha sido opção sua, não deixa de custar), perde as suas rotinas e aqueles com quem as partilhava. Aos poucos um dos dois, deixa de ser convidado para o tal jantar ou para a grande festa. Não recebe mais convites para aniversários nem para férias. Vai recebendo mensagens dos amigos a dizer que depois têm de combinar alguma coisa, mas todos sabem que isso não vai acontecer.
Eu e o Zé conhecemo-nos no trabalho. Trabalhámos juntos durante cerca de quatro anos. Fizemos portanto grandes amizades no local de trabalho. 
Antes de o Zé ter ido trabalhar para aquela escola, já eu lá tinha pessoas que queria levar para a vida. Mas depois chegou o Zé, com aquele jeito fácil de se gostar, e essas pessoas também querem levar o Zé para a vida.
Muitas vezes estamos com esses amigos. Combinamos os tais jantares, festejamos aniversários, entramos juntos no ano novo. Mas agora que estou aqui a escrever sobre isto ponho-me a pensar: se um dia por algum motivo eu e o Zé nos separássemos, qual de nós continuaria a ser convidado, e qual ficaria abandonado?

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(Fotografia site globo retirada da google)










quarta-feira, 23 de outubro de 2019

O professor que agrediu o aluno - e todos os professores já agredidos


Um professor terá agredido um aluno de 13 anos, quando este se recusou a entregar-lhe o telemóvel. É esta a notícia quem feito correr tinta nos jornais, passado em rodapé no telejornal e incendiado as redes sociais.
Esta notícia irrita-me como a porra por dois motivos distintos.
O primeiro motivo é a solidariedade que vejo de outros professores para com este professor. Mais que isso, é o aplaudir de colegas à postura deste senhor. Eu não estava lá para ver, mas de acordo com o que saiu nas notícias, o professor terá insultado o jovem verbalmente chamando-lhe de filho da p*ta, cabr*o entre outros. De seguida, terá atirado com a cabeça do jovem contra a mesa com força, fazendo com que este tenha recebido tratamento hospitalar. Não sei o que terá despoletado este comportamento, o jovem pode até ter feito frente ao professor e ter sido incrivelmente mal educado, mas nenhum profissional da educação pode ter um comportamento deste género.
Acredito que o professor não estivesse bem mentalmente, e também acredito que ninguém está livre de ser levado ao limite e de ter ações criminosas como esta. Ninguém mesmo. Ainda assim, não desculpabiliza a ação do senhor e só tem de sofrer as consequências. Este senhor foi detido e aguarda que lhe sejam aplicadas medidas de coação.
Outro ponto que me irrita tanto ou mais como este é o seguinte: onde está o sentido de justiça e a imparcialidade? A semana passada duas auxiliares e um professor foram fortemente agredidos pelo pai de um aluno. Foram socados e pontapeados, tendo todos que receber tratamento hospitalar. Este senhor não foi detido. Casos como este ocorrem todas as semanas, mas todas mesmo. Porque raio estes casos não interessam à comunicação social? Porque raio todos podem agredir professores e auxiliares e não serem sequer chamados à atenção, quando mais detidos?
A maioria das pessoas está incrivelmente revoltada com a agressão do professor ao aluno, mas são poucos os que se incomodam com as agressões de alunos (e se as há) e familiares a professores.
Todas as semanas profissionais da educação são insultados e agredidos durante o exercício das suas funções. Mas ninguém quer saber. A falta de professores está a tornar-se uma realidade em Portugal, e pelo modo como a comunicação social e o próprio estado tem vindo a tratar esta classe, não me admira que venha a piorar.
Nessa altura, todos esses que tanto julgam e apontam o dedo aos professores, deviam ficar em casa a dar aulas aos filhos.



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Fotografia retirada do google br

domingo, 13 de outubro de 2019

Desfralde - o meu erro parte 2


(continuação) ...

Como escrevi no post anterior (ler aqui ), não respeitei o meu filho no que dizia respeito a largar as fraldas. Certo dia fez cocó na roupa, e foi um pandemónio. O cocó escorreu por ele, foi andando em cima do cocó, ficou basicamente barrado em cocó e muito assustado. 
Desde aí, o Gustavo ficou com medo do cocó. Parece parvo, e em certa medida é, mas na sua cabeça tola faz sentido.
O Gustavo já anda sem fralda por iniciativa dele. Não quer fralda e faz os chichis no bacio ou na sanita. Os descuidos são muito raros.  Quando sente vontade de fazer cocó, pede em stress para lhe por uma fralda depressa.
Comecei a reparar que fazia cocó com menos frequência. Quando começava a ter vontade, vinha a correr ter connosco a pedir “um abacinho”. Certo dia disse à irmã do meio que estava muito preocupado. Quando ela lhe perguntou o que o preocupava, respondeu que era com o seu cocó porque tinha medo dele.
Hoje em dia, quando sente que tem de fazer cocó , faz força, mas é para o cocó não sair. Diz que tem me meter o cocó para dentro. Chega a estar nisso doze horas até não aguentar mais.  Pergunta sempre se pode fazer cocó e se não vai ficar sujo.  Quando lhe respondemos que pode fazer cocó à vontade e que não tem mal nenhum, responde que tem muito medo do seu cocó e que não quer que ele saia.
Tudo isto se tem revelado num efeito bola de neve. Como tem medo de fazer cocó, faz força para não o fazer. Quando finalmente o faz, passadas horas,  o cocó é muito mais rijo e por isso sente dor. Como sente dor, fica com mais medo de fazer cocó. E pronto, andamos assim.
Entretanto já pedi uma opinião a uma psicóloga, que me disse para lhe dar os abracinhos quando pedir mas para não muito importância à frente dele, para ver como corre, não vá ser uma chamada de atenção. Por outro lado também disse que para nós pode ser sido uma coisa normal e até algo cómica, mas para ele ter sido traumático. Se continuar, recomendou marcar consulta na pediatra. Portanto isto tudo, porque eu achei que era melhorar ele deixar a fralda para eu não ter de aturar comentários estúpidos (que atenção, continuam).
Queridas leitoras mães e futuras mães: por favor, borrifem-se sempre nos palpites dos outros, mesmo das pessoas bem próximas de vocês. Façam o que vocês acham ser melhor para o vosso filho, pois as mães têm quase sempre razão.
Por aqui, vamos tentar dar a volta à situação da melhor forma. Com muita calma e ao ritmo do rapaz.

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sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Desfralde - O meu erro parte 1


Cometi um erro, essa é a verdade.
Comecei o desfralde do Gustavo tinha ele cerca de 27 meses. Apesar de ele já falar e saltar (há quem veja isso como indícios de estar pronto para o desfralde) achei que era muito imaturo para lhe tentar tirar a fralda.
Demorou pouco tempo até começar a ser bombardeada com a pergunta “Então e quando é que ele tira a fralda?”. Faziam-me essa pergunta constantemente. Certa vez chegaram a fazer-me a seguinte observação “Ainda de fralda? Ainda por cima com uma mãe educadora.” Não foram uma nem duas vezes que me disseram coisas do género.
Uma coisa que podem não saber sobre mim, é que não sou a pessoa mais confiante do mundo. Ao dizerem aquilo sobre mim comecei a sentir que era posta em causa quer como mãe quer como educadora. De facto, muitos miúdos de 27 meses já não usam fralda, embora existam outros tantos que usam.
Achei então que se calhar o problema era meu, e que se calhar devia insistir nessa coisa de lhe tirar a fralda. Comecei mesmo a sentir-me ansiosa de ir com ele a alguma evento de família ou amigos, porque já sabia que lá vinha a porcaria da conversa das fraldas. E não me enganava mesmo.
Dei início ao desfralde, e ele até colaborou minimamente. Sentava-se na sanita e no bacio e muitas vezes fazia lá chichi. No entanto se estivesse sem fralda e fizesse o chichi no chão achava a maior piada do mundo, era uma festa. Não ralhei com ele uma única vez quando se descuidou, mas elogiei-o imenso sempre que fez no bacio ou sanita.
Certo dia deixei-o se fralda, mas em vez de fazer chichi fez cocó. Não imaginam, o que se seguiu. Assustou-se imenso. Chorou, tremeu, só pedia colo completamente em pânico. Depois de o lavar, pediu por favor para lhe por uma fralda. E pus.
Nesse momento senti-me a pior mãe do mundo por ter posto a opinião dos outros à frente das necessidades do miúdo. No fundo também o queria proteger de estar constantemente a ouvir pessoas dizerem que ele tinha de deixar a fralda.
Decidi então que só voltava a abordar esse assunto quando eu achasse que era altura. Decidi respeitar o ritmo do meu filho. Escrevi sobre isso no blogue e uma estúpida (não tem outro nome, desculpem) comentou que eu “era mas é uma grande preguiçosa e que não estava para ter trabalho, então enfiava uma fralda no puto”
Esta história do desfralde não fica por aqui, porque esta insistência de minha parte teve consequências negativas …. Mas isso vai ter de ficar para o próximo post porque este já vai longo….

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terça-feira, 8 de outubro de 2019

A minha história no vosso blogue - filho dependente


Aos vinte anos conheci o pai dos meus filhos. Namorei apenas nove meses até me casar. Entretanto divorciei-me e vivo com o meu companheiro, o amor da minha vida, que ama os meus filhos como se fossem dele.
Das três gravidezes, apenas as duas primeiras foram planeadas. A minha história, é sobre o meu filho do meio.
A gravidez foi planeada e desejada e correu muito bem, sem qualquer tipo de percalço. Após o nascimento, desde cedo me comecei a aperceber de que algo não estava bem, ou que alguma coisa era diferente relativamente a outras crianças da mesma idade. Foi também após o nascimento que engravidei de seguida sem estar à espera.
Estava então grávida quando notei que o desenvolvimento do meu bebé não era normal. Andava com ele em diversas terapias pois também os médicos sabiam que algo se passava, apesar de não saberem exatamente o quê. Passando a vida entre terapias e tendo de dar um apoio constante a esse meu filho, ainda por cima grávida tive de deixar de trabalhar.
Passado algum tempo não era só a questão do desenvolvimento estar atrasado. Começou a dormir cada vez menos e a tornar-se agressivo. Era agressivo principalmente consigo mesmo, mordendo-se e tentando comer as unhas. A rotina assumiu o controlo lá de casa, pois tinha de pensar primeiro naquele filho e nas suas necessidades.
Tinha o meu filho já catorze anos, quando encontrei um médico espetacular que depois de diversos exames diagnosticou o meu filho com uma doença rara chamada Smith Meganis. Pode parecer estranho mas senti um alívio, pois eu sabia que algo se passava com ele e foi um descanso finalmente saber exatamente o que era.
Esta doença rara é uma doença genética caracterizada por défice cognitivo e consequente atraso no desenvolvimento, dificuldade em dormir e agressividade, que regra geral é ainda acompanhada por anomalias ao nível do crânio.
Os apoios para estes casos dados pelo nosso estado são escassos a todos os níveis. No nono ano acabei por retirá-lo da escola pública por considerar os apoios prestados insuficientes. Está desde essa altura a ser acompanhado pela fundação Nuno Silveira. Como é uma doença rara, também não existe nenhuma associação que dê resposta a esta doença específica.
A minha vida gira em torno deste filho que será sempre meu dependente. Ocasionalmente consigo ir por exemplo jantar fora, deixando-o sempre acompanhado. Tenho de tratar dele como se fosse um menino pequeno. Dou-lhe banho, faço-lhe a barba e visto-o. Ainda assim consegue ir sozinho à casa de banho e também é relativamente autónomo no que diz respeito à alimentação.
Dizemos que para nós, os nossos filhos vão ser sempre os nossos bebés. Neste caso é isso mesmo, mas somos uma família muito feliz.


Paula Nogueira, 50 anos, Rio Tinto

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