segunda-feira, 11 de novembro de 2019

A vítima, foi o bebé, naquele contentor junto com lixo.


Um bebé foi atirado ao lixo. Ponto. Ele não foi simplesmente abandonado. Não foi embrulhado num cobertor e deixado à porta dum prédio ou de um café na esperança de que alguém lhe desse uma vida melhor. Isso, eu talvez conseguisse entender (talvez). Foi atirado para o meio do lixo, despido, numa noite fria de novembro.
Tento não ser julgadora, porque não sei nada sobre a progenitora dessa criança. Ainda assim um ato tão hediondo deixa-me sem predisposição para tentar perceber o que quer que seja. Não sei das dores dessa mulher. Não sei se foi violentada nem se a vida lhe virou as costas. O que eu sei, é que há muitas pessoas com vidas incrivelmente miseráveis e que não tentam matar um bebé.
Acho incrível como a opinião de imensas pessoas mudou ao saber que essa mulher não tinha casa. Se primeiro a queriam ver morta numa fogueira para pagar pelo que fez, ao saberem que era sem abrigo já acham que a culpa é de quem não lhe deu a mão. Já li comentários de pessoas a sugerirem que fosse dada uma casa a essa mulher para ter o seu bebé de volta. Como se o facto de ela poder ser ou estar transtornada, possa servir de desculpa para aquilo que fez.
Quando um animal é deitado ao lixo, o Facebook enche-se de comentários de ódio, e com razão, para com a pessoa que fez tal barbaridade. Ninguém quer saber o motivo que levou a pessoa a cometer esse crime. Ninguém quer saber que pessoa é essa, de onde vem, ou aquilo porque passou. Mas um bebé… pff… é só um bebé.
Eu já me pus a tentar entender essa mãe. Já fiz mil e uma teorias na minha cabeça sobre a situação de modo a torná-la menos macabra, se é que isso é possível. Já pensei que talvez a mulher após parir a criança a tenha julgado morta e tenha entrado em desespero. Já pensei que seja mentalmente doente e que tenha sido agredida sexualmente. Já pensei de tudo, para tentar conseguir sentir alguma empatia pela autora do crime, ou para pelo menos não lhe apontar tanto o dedo.
Depois começo a imaginar o meu filho, acabado de nascer, a precisar de estar enroscado no meu peito nu enquanto aprende a mamar. Aquele pobre ser precisava do mesmo.
Podem ter realmente existido falhas que permitiram uma mulher morar na rua enquanto estava grávida, e quem sabe, mentalmente doente. Pode e deve servir de alerta para situações futuras. Mas por favor, o que importa agora é que as pessoas não esqueçam, que a vítima aqui, é aquele recém-nascido, que já amava quem o pariu.


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Fotografia via google.






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