sábado, 28 de março de 2020

Bloqueei

Foi numa sexta-feira, dia 13 por sinal, que comecei a ter mais noção de que o Covi19 podia realmente alastrar por Portugal. Ia estando atenta à situação no resto do mundo, mas com uma pontinha de esperança de que por lá se mantivesse. Se eu não pensasse muito na situação, podia ser que não acontecesse...
Segunda-feira, quando fecharam o colégio onde trabalho, saí de lá com o coração com uma pontada e a respirar fundo para não chorar, mas cheguei a casa e tudo ficou bem. 
Nos dois dias seguintes estive alarmada com o que ia vendo nas noticias, mas conseguia relativizar a coisa de modo a estar tranquila.
Foi na quinta-feira, dia do pai e dia de aniversário do Zé, que me caiu a ficha. 
Não sei explicar se foi nesse dia que tomei maior consciência do que se estava a passar, ou se foi nesse dia que não aguentei mais e libertei os medos todos que andava a guardar só para mim.
Passei o dia a chorar. Não choraminguei simplesmente, chorei desde que acordei até que adormeci. Chorei até não ter mais ar para inspirar. Adormeci ainda a soluçar. Dei um dia de anos inesquecível ao Zé, e não pelos melhores motivos.
Estive uns dias isolada do mundo, incluindo aqui do blogue. Não sabia o que escrever, porque não sabia também o que sentir. Senti-me mal por desaparecer daqui sem dar uma explicação, mas o que me apetecia era fugir de tudo. E quando digo tudo, é tudo. Imagem o estado em que fiquei para sentir algo assim. Há muito tempo que não tinha ataques de pânico, pensava que era algo que tinha finalmente controlado  e para sempre. Hoje sinto uma mistura de medo, ansiedade, nervosismo, claustrofobia e esperança.
Não estou mais tranquila do que estava, muito menos mais esperançosa. Chateei foi muitas pessoas que me são queridas, desabafei muito, e isso permitiu que visse as coisas de um modo mais sereno. Também falei com a médica que me seguia nas crises de ansiedade e pânico.
Todos os dias de manhã mudo de roupa, ainda que vá ficar em casa o dia todo. O pijama estava a fazer-me entrar numa depressão. Todos os dias faço uma atividade com o Gustavo de manhã e outra de tarde. Também todos os dias tento ter uma hora para mim, normalmente sentada na varanda a apanhar sol e a ler.
Não vou dizer que está a fácil, mas estou a gerir tudo o que se passa o melhor que consigo. E nunca mais chorei.

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A nossa vida em fotos, está aqui.

Fotografia retirada do google em bing.com

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