quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Há quanto tempo?

Quarenta graus não é temperatura para levar bebés para a praia. Assim sendo, a riqueza (é como quem diz o meu filho) ficou nos avós.
Já eu e o pai, praia connosco.
Chegámos cedo à praia, estacionámos tranquilamente, e lá fomos nós pelo passadiço até ao areal.
- Há quanto tempo não fazemos isto? Vir sozinhos à praia? - perguntou o Zé.
Parámos por momentos e ficámos ali feitos parvos a tentar ter alguma vaga ideia. Este ano nunca o fizemos. O ano passado eu estava a trabalhar durante o verão, portanto também não o fizemos. No ano antes desse estivemos de férias com familiares. 
Basicamente, não nos lembramos, mas talvez uns três anos?! Como é possível?
Estendemos as toalhas na areia. A praia estava cheia mas parecia só nossa. Ficámos ali um bom bocado sentados, só a admirar as ondas que se enrolavam e desenrolavam, a areia carregada de conchas trazidas pela maré, as gaivotas que voavam na imensidão do céu, que apesar de limpo de nuvens estava cinzento do excesso de calor.
Tirámos da mala um livro cada um. Foi vez de pensar quando foi a última vez que lemos um livro. Há demasiado tempo. 
Quando o Gustavo nasceu li o livro "O primeiro ano do bebé". Foi a minha bíblia durante alguns meses. Mas um livro que tivesse lido só pelo prazer de ler, não sei mesmo quando foi a última vez, mas foi certamente antes do miúdo nascer.
Abri o livro e mergulhei na história. Um drama cheio de suspense e mistério, daqueles que nos impede de fechar o livro. Só mais uma página. Afinal só mais uma. Ok, não vou parar.
Cada um de nós estava concentrado na sua leitura. Mal falámos, mas bastava estarmos ali os dois sossegados, tranquilos, sem ter que mudar fraldas, dar comida, dar colo, e todas essas coisas que fazem parte da vida de casal enquanto pais.
Sou mesmo uma verdadeira fã de praia e de verão, mas de facto com crianças não é a mesma coisa. Não que seja mau, é apenas diferente. Estava mesmo a precisar de passar um dia de praia ao meu gosto, e não ao gosto do meu filho.
Não sei como estive tanto tempo sem o fazer. Por vezes o Gustavo até vai passar o sábado ou o domingo aos avós, pelo que eu e o Zé estamos livres para alinhar num programinha bom. Depois pensamos que dava jeito aproveitar estar sem ele para ir às compras. Ou para limpar a casa. Ou simplesmente para dormir. E não fazemos nada do que tínhamos idealizado.
Hoje foi um bom dia. Foi mesmo um dia magnifico. E vou repetir ainda este verão, mais um dia de praia sem o meu filho. E não me sinto nada mal por isso.




Soube-me pela vida.



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