sexta-feira, 1 de maio de 2020

A abertura das creches vista por uma educadora

Em primeiro, volto a referir que tenho vindo a confiar no nosso país no que respeita o combate ao Covi19.
No que diz respeito à abertura das creches propriamente dita, fico assustada e com vários receios, mas tento entender. O país não pode parar até haver vacina, e por muito que eu preferisse manter as creches fechadas e estar em casa segura com o meu filho, respeito muito as famílias que já não têm comida na mesa, e acreditem que as há.
É fácil para mim dizer que o estado de emergência devia ser prolongado ou que as escolas deviam ficar fechadas por tempo indeterminado, mas isto digo eu, sentada no meu sofá, com a minha família, com as contas pagas (com mais esforço do que é habitual) e a despensa cheia de comida. 
As pessoas têm de voltar ao ativo, as famílias precisam de retomar os seus empregos com urgência e para isso as creches têm de abrir. Num mundo ideal poderia dizer-se que sem saúde não há economia, o que é verdade, mas esse mundo ideal não existe. Sem economia também não há comida, e sem comida as pessoas também morrem. 
 Vejo a coisa como se agora, também os educadores e todos os restantes colaboradores necessários ao funcionamento de um colégio ou escola, fossem chamados a lutar, também eles uns heróis na linha da frente, que se juntam agora a tantos outros.
No entanto, aqui esta heroína tem algumas questões que me andam a moer a juízo. É que uma coisa, é pensar as soluções na teoria, outra, é conhecer bem a prática e não estar a ver bem como se vai conseguir fazer isto de forma minimamente segura. E aqui, falo para os senhores e senhoras que mandam nisto tudo.
Começo com uma dúvida relativa a uma notícia que hoje inundou as redes sociais: os profissionais dos colégios e escolas vão ser testados para o Covi19. Ok. Assim de repente há duas coisas que me não me fazem sentido. Primeiro, ok, os profissionais são testados para garantir a segurança das crianças. E quem vai garantir a segurança dos profissionais? As crianças e as suas famílias também vão ser testadas? Se não vão ser, deviam. Segundo, eu faço o teste, depois de ter estado mais dum mês em casa. Vai dar negativo provavelmente, e vou trabalhar. Depois de começar a trabalhar vou estar com muitas mais pessoas, com uma probabilidade muito maior de contrair o vírus, vou ser testada todos os dias?
Outra questão prende-se com o uso de máscaras. No meu caso específico, terei de usar máscara, penso eu. Mais uma vez, muitas dúvidas. Já foi dito por vários médicos que a máscara não me protege dos outros, mas protege os outros de mim. Então os pais vão ser obrigados a também utilizarem mascara para entregar os meninos, correto? Ah, e por falar em meninos… qual é a criança de 1 e 2 anos, que de manhã vai aceitar ficar com uma pessoa que não sabe quem é, pois tem a cara tapada?
Vamos ao distanciamento social. Crianças não o praticam. Quem disser que é possível nunca trabalhou com crianças. Então é obrigatório o distanciamento de todos, menos das crianças? 
E quando uma criança fizer febre na escola? Porque isso acontece constantemente. Vão ser testadas? Vão ficar de quarentena? E se tiver tosse persistente? 
Outra coisa que me tem feito confusão é o facto de o primeiro ciclo continuar sem aulas presenciais. Os pais que tenham uma criança em casa no primeiro ou segundo ciclo, estão em casa com essa criança. Neste caso os irmãos irão na mesma para a creche apesar de terem quem fique com eles em casa?
Vou esperar por mais novidades e esclarecimentos... mas a meu ver, há muito coisa que (talvez ainda) não foi tida em conta...

Podem seguir a nossa página aqui , e seguir a minha vida em fotos aqui


Imagem retirada de omunicipio.com.br via google


14 comentários:

  1. Como educadora como mãe faço das suas minhas palavras. Muito bem explicado.

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  2. Olá bom dia. Concordo tanto com tudo o que escreveu. Eu também trabalho com crianças sou Assistente Técnica. Também me está a fazer confusão algumas coisas como as questões que colocou. Então eu tenho 2 filhos o mais velho tem 9 anos e está na escola primária da qual continua a ter aulas a distância e depois tenho o bebé de 22 meses que está inscrito na creche. Não sei o que hei de fazer... Com receio de ser chamada para retomar o trabalho, mas tenho o mais velho não posso deixar sozinho em casa lógico. Isto tudo está a me assustar. Força e coragem. Beijos

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    1. É muito complicado entendo perfeitamente as suas duvidas. Beijinho grande e força!

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  3. Sou da opinião que deveria abrir sim mas para as pessoas q não tem como ir trabalhar. Por exemplo uma mae q tenha q ir trabalhar mas nao pode pk tem uma crianca de 3 anos ai sim poderia colocar no infantario. Mas como voce refere no seu caso ja nao faz sentido. Era da maneira q a evitava mtas crianças nos estabelecimentos e a mesma devia ser aplicado as criancas q tem algum pai desempregada.
    É sim preciso q abram para alguns poderem retomar a sua vida profissional mas tem q ser bem medido.
    A ver vamos

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    1. Concordo.. respeito muito quem precisa mesmo de ir trabalhar. Mas por exemplo famílias em teletrabalho, fazia sentido ficarem em casa com os meninos. Mas isto digo eu. Beijinhos

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    2. Só se for aquele tele-trabalho que liga o computador de manhã as 9h e desliga as 17h e vai lá 2x durante o dia, para responder a 2 emails....

      Agora 2 pais que estejam em tele-trabalho, realmente a trabalhar tal e qual como se estivessem no escritório, é muito complicado estarem simultaneamente a tratar e dar atenção a uma criança pequena que não percebe porque não lhe podem dar atenção.....

      o telefone que não para de tocar, os emails que não param de chegar, os prazos para cumprir, as reuniões constantes em vídeo calls.... um dia normal no escritório....em que não levamos os filhos connosco!!

      Pedir para fazer part-time tem consequências graves, monetarias primeiramente e nos dias que correm quem não "alinha" é dispensável... depois nem sequer havia salário para comer, quanto mais pagar creches no futuro!

      A juntar a isso imaginem quem tem filhos mais velhos com aulas online, em que os prof pensam que os miúdos tem que trabalhar o mesmo ou ainda mais do k se tivessem na escola.
      Mais uma vez os pais têm que dar apoio, organizar, controlar, etc.
      E a juntar à festa os irmãos mais novos a quererem atenção dos mais velhos, a intrometerem-se nas aulas, desconcentra-los, a pedirem para irem brincar com eles, porque os pais estão ao telefone com os chefes e não podem desligar o telefone na cara....
      Tudo muito fácil de gerir em tele-trabalho!!

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  4. Boa reflexão, como mãe e também como educadora concordo plenamente

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  5. Concordo com tudo o que disse.
    Tenho uma filha de 10meses e confesso estou assustada e que me está a fazer confusão esta abertura das creches. Além de todos os perigos deste vírus, que também não entendo como farão essa gestão. Até
    porque uma vez que há limitações de pessoas em espaços fechados, como pensam fazer isso nas creches? Será também uma nova adaptacao, uma vez que esteve 2 meses em casa comigo.

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  6. Concordo plenamente com as suas palavras.

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  7. Pode ficar em casa até 26 de Junho com o apoio,pelo mais velho,sendo assim fica com o pequenino também.

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  8. Olá!
    Como Educadora que sou há muitos anos, coloco-me as mesmas questões e ainda mais.
    Concordo contigo em pleno.
    Ânimo e esperança.

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  9. Olá! Concordo plenamente consigo, sou ajudante de educaçao e estou extremamente preocupada. Ainda para mais tenho um filha com 6anos com problemas alérgicos e respiratórios, o que me deixa apreensiva em ter que voltar ao activo. E também me preocupa os meninos indefesos, sem consciência de distanciamento nem muito menos do uso de máscara... Será um grande stress, seja o que Deus quiser.. vamos ter força para tentar ultrapassar esta má fase. Boa Sorte tambem para si. Cumprimentos.

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  10. Eu ainda questiono mais uma coisa... Se as escolas continuam fechadas, os ATL'S vão abrir e receber criancas do 1° ao 4° ano de escolaridade em tele escola... E meios para acompanhar em simultâneo estas crianças?.... Nem todas as instituições dispõem de TV (e neste caso teria que ser mais do que uma)... E os computadores para cada um deles... A maioria (digo eu) trabalha com os dos pais, mas que por sua vez, também precisam deles... Penso que, devagarinho conseguiremos respostas e meios de atuação mas, estamos por nossa conta ����

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    1. É verdade, é uma grande incerteza. Para todos. Vamos la ver no que vai dar. Força!

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